Um advogado que representa a Johnson & Johnson (J&J) respondeu, na segunda-feira, a algumas questões relacionadas com o pó de talco da marca, que foi retirado do mercado mundial depois de milhares de queixas devido à falta de segurança do produto.
O uso de uma manobra de abertura de falência por parte da empresa gerou controvérsia após dezenas de milhares de processos relacionados com este produto terem ficado congelados.
Perante um tribunal, o representante argumentou que a manobra - conhecida como 'Dois passos do Texas' - beneficiaria as cerca de 38 mil vítimas com a resolução de um processo mais rápido, e que poderia levar a uma indemnização total no valor de cerca de 61 mil milhões de euros.
O advogado Neal Katyal reconheceu que todo o criticismo está relacionado com "tratar-se de uma grande empresa que tem tantos lucros poder de alguma forma escapar das responsabilidades".
Katyal defendeu ainda que levar as dezenas de milhares de casos a tribunais civis levaria a um caos legal que "reduziria os dólares disponíveis para os queixosos".
Já o advogado que representa as cerca de 38 mil vítimas de cancro que processaram a empresa também esteve presente na sessão de segunda-feira. "Vítimas do pó de talco... estão na mira da falência enquanto morrem", afirmou Jeffrey Lamken.
De que se trata a manobra 'Dois passos do Texas'?
Apesar de a manobra não ser exclusiva desta empresa, neste caso tudo começou em outubro do ano passado, quando a J&J - que está sediada em New Jersey, nos Estados Unidos - criou uma empresa subsidiária com base no Texas.
Todos os passivos relacionados com o produto em questão - cuja venda já está suspensa tanto nos Estados Estados Unidos e no Canadá há dois anos - passaram para a responsabilidade desta nova empresa- a LTL.
Em poucos dias, a subsidiária passou do estado do Texas para a Carolina do Norte e abriu falência, o que devido às diferentes leis do estados fez com que os processos ficassem congelados.
O processo está agora nas mãos numa instância que irá declarar a empresa é ou não culpada e se ao realizarem toda esta estratégia os representantes agiram ou não de boa fé, tal como argumentam.
As queixas vinculam a utilização a longo prazo do pó de talco ao desenvolvimento de cancro, embora a farmacêutica continue a negar que o produto seja a causa.
No final de 2018, surgiram informações a indicar que a Johnson & Johnson (J&J) sabia há décadas que o seu pó de talco continha asbesto, um mineral com composição e características semelhantes às do amianto e com efeitos nocivos para a saúde.
Desde então, a J&J enfrentou milhares de ações judiciais que acusam a fabricante de ter contribuído para o desenvolvimento do cancro nos ovários em consumidoras do produto, circunstância que a empresa nega e que a cada ano a leva a gastar milhões de dólares em casos judiciais.
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