Ouvir coração do feto antes de abortar? "Apenas para atormentar mulheres"
O diploma no qual está previsto este passo do procedimento entrou em vigor na Hungria.
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Mundo Hungria
Um novo diploma que obriga as mulheres a ouvir o coração do feto antes de abortarem na Hungria entrou, esta quinta-feira, em vigor.
A medida tem vindo a criar alarme social não só no país, como também a nível internacional, já que a medida é tomada sob um um governo conservador, e vista como uma forma dificultar o acesso ao aborto.
"Acho que não vai fazer alguém mudar de ideias sobre a decisão de abortar, por isso isto é apenas desnecessário e para atormentar as mulheres", considerou Borbala Jonas, uma mulher entrevistada pela Reuters em Budapeste.
No país, o aborto é permitido em casos de violação, risco para a saúde da mãe, um problema com o feto ou em caso de crise grave pessoal.
"O maior maior medo é que eles [governo húngaro] estejam a tirar-nos os direitos passo a passo", explicou outra mulher à mesma agência. "Acho que este é o primeiro passo e que a partir daqui vão até ao limite", acrescentou.
"Dificultar o acesso ao aborto não leva a uma diminuição do número de abortos"
O projeto-de-lei não foi justificado pelo governo, mas os analistas pensam que pode estar em causa a tentativa de mobilizar mais votos, uma vez que o partido de extrema-direita 'Our Homeland' ganhou, em abril passado, assento parlamentar pela primeira vez. Uma das deputadas deste partido chegou mesmo a dizer que apesar do decréscimo, as interrupções da gravidez ainda eram realizadas em grande número. O ano passado a Hungria registou cerca de 22 mil abortos - em 1990, registava cerca de 90 mil.
A deputada defendeu a sua posição no parlamento húngaro enquanto agarrava uma réplica de um feto de dez semanas. "Isto é necessário porque a quinta criança concebida na Hungria ainda é vítima de abprto e isto é um número muito alto", afirmou.
Já a porta-voz do grupo de direitos das mulheres Patent defendeu que a lei não deveria fazer diminuir o número de abortos, mas que pode ser o início de um futuro onde as leis vão 'apertar'.
"Dificultar o acesso ao aborto não leva a uma diminuição do número de abortos", afirmou Julia Spronz. "Apenas serve o propósito de induzir a culpa nas mulheres para que elas se sintam ainda piores e quase como pecadoras", defendeu.
Também nos Estados Unidos o acesso a este procedimento esta a tornar-se mais restrito, depois de uma mudança na lei Roe vs. Wade.
Cerca de três meses depois de esta lei ser revertida, o assunto continua em cima da mesa e mesmo esta semana um senador republicano propôs proibir o aborto em todo o país.
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