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Nove jornalistas cubanos renunciam por "pressão" das autoridades

Nove jornalistas do meio de comunicação digital independente cubano El Toque anunciaram hoje a sua renúncia à profissão e denunciaram a "pressão direta e indireta dos órgãos de segurança do Estado".

Nove jornalistas cubanos renunciam por "pressão" das autoridades
Notícias ao Minuto

09:54 - 01/09/22 por Lusa

Mundo Cuba

Um editorial do El Toque afirmou que seis dos nove jornalistas faziam parte de um grupo que foi impedido de viajar à Argentina na semana passada para participar numa conferência sobre inovação jornalística.

"Esses jovens jornalistas souberam mostrar civismo, apesar da pressão a que foram submetidos. Eles estão com medo -- todos nós estamos --, mas ainda assim recusaram-se a testemunhar contra os seus colegas", referiu o editorial.

O 'media' El Toque já havia alertado na semana passada que os seus jornalistas haviam sido submetidos a "interrogatórios e chantagens".

De acordo com o meio digital, os nove jornalistas foram convidados a dizer publicamente que estavam a deixar a sua profissão.

Nos últimos dias, a imprensa independente noticiou que pelo menos quatro jornalistas do El Toque anunciaram nas redes sociais que deixariam o jornalismo.

"Estou a sair porque estão a me obrigar. Obrigam-me a deixar El Toque, a não trabalhar mais num 'media' alternativo e, por assim dizer, guardar o meu título debaixo do colchão", escreveu a jornalista Meilin Puertas Borrero, na última segunda-feira, nas redes sociais.

Um dia depois, Mauro Díaz, até então repórter do mesmo jornal, publicou: "Ninguém me pediu para ir a público quando comecei a trabalhar no El Toque. No entanto, como alguns de meus colegas, anuncio a minha renúncia publicamente".

O órgão de comunicação independente denunciou que foram confiscados também "meios básicos de trabalho e houve uma extensão da sanção de proibição de sair do país" aos jornalistas.

Da mesma forma, o editorial advertiu que, com essas ações, o Estado cubano abre "um caminho que levará ao processo judicial sob o novo Código Penal".

A nova lei -- aprovada em maio passado -- proíbe, entre outras coisas, o financiamento externo dos meios de comunicação, que visa diretamente os meios de comunicação independentes.

Na mesma linha, o projeto de lei de comunicação social apresentado em julho reafirma que os meios de comunicação nacionais -- em referência aos oficiais -- "são propriedade socialista" e "não podem ser objeto de outro tipo de propriedade".

"Entristece-nos ter que -- sem uma razão racional -- parar de trabalhar com um colega e também estamos indignados ao ver a quantidade de ações repressivas que incluem agressões às famílias e chantagens", lamentou José Jasán Nieves, diretor-geral do El Toque, numa transmissão ao vivo nas redes sociais.

Com essas nove renúncias, fica a dúvida de como o El Toque -- fundado em 2017 -- vai funcionar daqui para frente.

Atualmente o El Toque já conta com profissionais do estrangeiro, algo comum nos 'média' independentes devido à pressão. O editorial é assinado em Havana, Madrid, Miami, Toronto, Cidade do México, Guadalajara, Lausanne e Guayaquil.

El Toque é um meio de comunicação independente cubano - em contraste com os 'media' oficiais - que tem presença na ilha e opera numa área cinzenta, entre a tolerância e a repressão.

Leia Também: Suspensas ordens de prisão e de extradição contra negociadores do ELN

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