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Mali. Fim da presença francesa é oportunidade "para rever estratégia"

Um investigador do Instituto de Estudos de Segurança (ISS, na sigla inglesa) vê a saída da operação Barkhane do Mali como oportunidade para se repensar a luta contra o extremismo no Sahel, afirmando ser reconhecido que a estratégia falhou.

Mali. Fim da presença francesa é oportunidade "para rever estratégia"
Notícias ao Minuto

08:22 - 28/08/22 por Lusa

Mundo Mali

"Desde a anunciada retirada da Barkhane e da sua redistribuição, há uma oportunidade para se rever a estratégia que tem estado em vigor nos últimos anos", disse à Lusa Sampson Kwarkye, investigador do gabinete do ISS para a África Ocidental, Sahel e Bacia do Lago Chade.

Os últimos militares franceses da força especial Barkhane deixaram o Mali em 15 de agosto, ao fim de nove anos a combater o extremismo violento no país, mas a Presidência francesa garantiu que Paris "continua envolvido no Sahel", bem como "no golfo da Guiné e na região do lago Chade, com todos os parceiros comprometidos com a estabilidade e a luta contra o terrorismo".

Ao fim de quase uma década de esforços agressivos de contraterrorismo por parte das forças nacionais, regionais e internacionais, a presença destes grupos extremistas não só se manteve no Sahel como se expandiu, atingindo já os países costeiros a sul, o que revela, na opinião dos analistas, a insuficiência da abordagem militar para colocar fim ao problema.

Na opinião de Sampson Kwarkye, a intervenção militar, especialmente a operação Barkhane, contribuiu até para a expansão do extremismo por ter colocado "uma pressão considerável nos grupos extremistas na região, especialmente no Sahel, forçando-os a procurar novas bases operacionais".

Além disso, estas operações "não foram baseadas numa compreensão correta do contexto operacional" e acabaram por atingir indiscriminadamente tanto os extremistas como os civis inocentes, aumentando o ressentimento das comunidades contra as autoridades, alertou Kwarkye.

Essas frustrações e ressentimentos, sublinhou o investigador, são exploradas pelos grupos extremistas para recrutar militantes e espalhar as suas ideias, e muitas vezes as comunidades ou indivíduos acabam por se virar para os grupos extremistas para se proteger a si, às suas famílias e negócios.

Para Kwarkye, "não há uma bala que resolva este problema" e tem de haver uma estratégia holística, que coloque a comunidade no centro.

Perante a retirada da operação Barkhane, o analista disse acreditar que os países do Sahel terão oportunidade de pensar o que deve mudar.

Lembrou que atualmente há muita investigação feita, nomeadamente pelo ISS, e muitas conversas com as autoridades dos países africanos sobre os desafios da resposta governamental ao extremismo islâmico que, se forem tidas em conta, permitirão uma mudança de direção na estratégia.

"Há algum reconhecimento [nos Governos] de que uma abordagem inteiramente orientada para o vertente militar não funcionou e que é preciso uma mudança na estratégia. Pelo menos ao nível conversacional, existe esse reconhecimento, mas (...) se esse reconhecimento se traduzirá ou não na prática ainda temos de esperar para ver", afirmou.

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