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"Calma frágil" restaurada em Gaza mas violência aumentou na Cisjordânia

O enviado da ONU para o Médio Oriente disse hoje que uma "calma frágil" foi restaurada em Gaza após o cessar-fogo de Israel e da Jihad Islâmica palestiniana, mas alertou que a violência aumentou em grande parte da Cisjordânia ocupada.

"Calma frágil" restaurada em Gaza mas violência aumentou na Cisjordânia
Notícias ao Minuto

19:37 - 25/08/22 por Lusa

Mundo Gaza

"O meu último 'briefing' ocorreu logo depois de Israel e a Jihad Islâmica palestiniana declararem, independentemente, um cessar-fogo, após três dias de escalada militar. Tenho o prazer de informar ao Conselho [de Segurança das Nações Unidas] de que o cessar-fogo continua em vigor e que uma calma frágil foi restaurada em Gaza", disse o coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, numa reunião do Conselho de Segurança.

O enviado detalhou que as passagens de Erez e Kerem Shalom - o único ponto de entrada israelita de mercadorias para a Faixa de Gaza - estão abertas desde 08 de agosto, permitindo o fluxo de bens e materiais essenciais e que a ONU está a trabalhar com parceiros para garantir a entrega de assistência urgente para aqueles que mais precisam.

"O cessar-fogo impediu que a situação se transformasse numa guerra em grande escala, que teria consequências devastadoras. Também permitiu a retoma das medidas implementadas no ano passado que resultaram num alívio económico muito necessário para a população de Gaza", explicou Wennesland.

Porém, o coordenador sublinhou que o cessar-fogo limita-se a acabar com as hostilidades imediatas e que os motivos subjacentes do conflito ainda não foram resolvidos.

"A violência aumentou em grande parte da Cisjordânia ocupada. As atividades de colonatos israelitas continuam, juntamente com demolições e despejos. Desafios orçamentais e políticos ameaçam a eficácia da Autoridade Palestiniana na prestação de serviços públicos essenciais", disse.

Alertando para o facto de a Cisjordânia e Gaza continuarem politicamente divididas, o enviado das Nações Unidas indicou que os palestinianos em Gaza enfrentam o desafio das restrições económicas e de movimentação relacionadas com o regime de embargo israelita, com o domínio do Hamas e a constante ameaça de violência.

A menos que questões fundamentais sejam abordadas, Wennesland acredita que o ciclo de crise aguda, seguido de correções de curto prazo, persistirá.

"São necessários esforços concertados para restaurar um horizonte político e retomar negociações significativas", apelou.

Tor Wennesland indicou ainda que a situação humanitária em Gaza continua "profundamente preocupante".

"A escalada, juntamente com o encerramento de passagens operadas por Israel entre 02 e 07 de agosto, exacerbou as dificuldades contínuas e resultou em novas necessidades imediatas. A ONU identificou aproximadamente 15 milhões de dólares (aproximadamente o mesmo valor em euros) em necessidades de financiamento adicionais para fornecer apoio psicossocial, abrigo, meios de subsistência, assistência em dinheiro e assistência médica e de medicamentos essenciais", disse.

Além disso, o enviado da ONU reforçou que a resposta humanitária em todo o território palestiniano ocupado continua a enfrentar lacunas crónicas de financiamento: em meados de 2022, apenas 25% dos requisitos do Plano de Resposta Humanitária haviam sido atendidos.

Enquanto isso, os aumentos globais dos preços dos principais produtos básicos esgotaram os recursos dos parceiros humanitários e colocaram famílias vulneráveis em risco de insegurança alimentar naquela região.

"O Programa Alimentar Mundial (PAM) precisa de 26,5 milhões de dólares (26,6 milhões de euros) para apoiar famílias vulneráveis em Gaza e na Cisjordânia. Se o financiamento não for recebido, o apoio a essas famílias será interrompido em outubro", alertou.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se hoje para um 'briefing' aberto, seguido de consultas fechadas, sobre a situação no Médio Oriente e a questão palestiniana.

A última vez que o Conselho discutiu esta questão foi numa reunião de emergência em 08 de agosto, face às hostilidades registadas nos dias anteriores na Faixa de Gaza, entre Israel e a Jihad Islâmica.

De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários de 19 de agosto, 49 palestinianos -- incluindo 17 crianças -- foram mortos e 360 ficaram feridos durante a escalada mais recente, enquanto 70 israelitas ficaram feridos.

Leia Também: Israel acusa de terrorismo líder de Jihad Islâmica

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