Desde o início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro, que Viktor Solovyanenko tem procurado sair de casa o menos possível. Isto porque, como tantos outros com problemas de visão e cegueira, Viktor teme pisar munições ou objetos cortantes.
“Poderia, potencialmente, pisar alguma coisa que poderia explodir. É horrível, a sério. É perigoso para mim sair à rua”, lamentou o homem de 54 anos, em declarações à Reuters.
Viktor faz parte de uma comunidade de pessoas com problemas de visão em Kharkiv que, apesar de conseguirem ouvir a guerra, não a podem ver.
O homem vive num hostel da Associação Ucraniana para os Cegos, que concedeu abrigo a 60 pessoas, no brotar do conflito. Agora, apenas 18 ali continuam, tendo os restantes fugido para o estrangeiro.
“Toda a gente se ri, mas tenho uma boa memória visual. Lembro-me de onde ir, mas se houver um buraco, certamente que cairei lá dentro”, disse Natalia Pokutnia, uma das residentes.
Cega, Natalia encarou o início da guerra com estranheza, considerando que tudo ficou caótico.
“Num primeiro momento, não sabíamos o que estava a acontecer. Ficou tudo caótico. Provavelmente ouvi aviões”, recordou.
“Cobrimos e fechámos as janelas imediatamente, para que não estivéssemos visíveis. O pessoal disse-me que foi aterrador. Estava tudo a abanar, aqui. Foi horrível”, confessou.
Recorde-se que as forças ucranianas expulsaram o exército de Moscovo em maio de Kharkiv, mas a cidade continua debaixo de fogo.
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