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Moderador que estava ao lado de Rushdie apela à proteção dos escritores

Henry Reese, conhecido pelo seu trabalho pela defesa da liberdade de expressão de escritores perseguidos, não saiu incólume do ataque.

Moderador que estava ao lado de Rushdie apela à proteção dos escritores
Notícias ao Minuto

13:06 - 17/08/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Salman Rushdie

Quando Salman Rushdie foi atacado violentamente num palco em Nova Iorque, o escritor não foi o único a sair da conferência em Chautauqua ileso. No palco, a assistir a tudo, estava Henry Reese, o moderador da conversa e cofundador de um programa de residência artística para escritores, que vivem sob receio de perseguição política.

A conversa ia focar-se numa análise aos Estados Unidos como um país de acolhimento para escritores que procuram asilo político, antes de Rushdie ser atacado. Durante a subida repentina a palco de um jovem norte-americano de origem libanesa, Henry Reese acabou por ser agredido e sofreu apenas uma lesão facial, tendo sido tratado no hospital.

Cinco dias depois do ataque, e com um olho bem negro e cerrado, Reese foi entrevistado pela BBC, e disse que a sua saúde estava a melhorar. "Estou bastante bem", garantiu.

Mas o moderador preferiu focar-se na recuperação de Salman Rushdie que, no domingo, terá conseguido falar, segundo contou o seu agente, Andrew Wylie.

"Acho que a nossa preocupação é com o Salman. Digo isso, tanto por ele como para o que ele representa no mundo, e ele é importante para o mundo", comentou Henry Reese.

O ativista considerou que a resposta ao ataque contra o conceituado escritor deve representar vividamente uma "materialização dos nossos valores" em sociedade. "A nossa missão é proteger os escritores como um santuário, e ver Salman Rushdie ter a sua vida atacada... É difícil de descrever o que é ver aquilo acontecer em frente aos teus olhos", afirmou, lamentando que os escritores acolhidos pelo programa ao qual dedicou a sua vida "estavam na plateia a assistir a isto"

Apesar de Salman Rushdie ser, por motivos óbvios, o foco da atenção sobre o ataque, Reese é também considerado como uma voz importante para a liberdade de expressão nos Estados Unidos. Numa longa peça no The Atlantic, poucos dias depois do incidente, a revista norte-americana abordou o trabalho de Henry Reese na proteção de escritores em risco de vida através da fundação City of Asylum ('Cidade do Asilo', traduzido do inglês), escrevendo que ele e a sua mulher, Diane Samuels, "tornaram uma rua amaldiçoada de Pittsburgh num paraíso para escritores e artistas perseguidos por todo o mundo".

Para o The Atlantic, a City of Asylum é "a manifestação física do valor universal da liberdade de expressão".

A conversa entre Reese e Rushdie iria incidir, precisamente, sobre o trabalho da fundação, e o moderador espera que o debate volte à mesa quando o escritor estiver a salvo. "Isso seria ideal, isso acontecer e o que nós nos propusemos a fazer não ser impedido de qualquer forma. Demonstrar que estes valores serão defendidos, que podem ser defendidos", salientou.

Há anos que Salman Rushdie é alvo de ameaças por causa da sua opus magna, os "Versículos Satânicos", de 1988. A obra, que chocou a comunidade islâmica pela forma como aborda e ficciona o profeta Maomé, motivou a que o ayatollah Khomeini, do Irão, decretasse uma 'fatwa', o que constituiu praticamente uma condenação à morte pelo líder espiritual e chefe de estado iraniano, e o artista foi alvo de várias tentativas de assassinato que falharam.

Rushdie foi esfaqueado várias vezes e foi rapidamente hospitalizado, tendo sobrevivido ao ataque e encontrando-se a recuperar. O suspeito é Hadi Matar, um jovem norte-americano de origem libanesa, de 24 anos, que se declarou inocente da acusação de tentativa de homicídio.

Leia Também: Salman Rushdie está num "longo caminho para a recuperação", diz o agente

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