Apoiantes da coligação com maioria também nas ruas adensam crise no Iraque
Apoiantes da coligação de partidos xiitas pró-Irão iniciaram esta sexta-feira um protesto em Bagdade, onde manifestantes a favor do líder xiita Moqtada Sadr já se encontram há quase duas semanas, aumentando o impasse político que se vive no Iraque.
© Reuters
Mundo Iraque
Desde final de julho, os dois polos do xiismo político no Iraque têm aumentado o tom do debate verbal, sem, no entanto, permitir que a situação se torne violenta.
Por um lado, o influente líder xiita Moqtada Sadr quer dissolver o Parlamento e organizar eleições antecipadas.
Mas as fações xiitas pró-Irão, que formam o influente Quadro de Coordenação, com maioria no Parlamento, querem estabelecer as suas condições para as possíveis novas eleições, exigindo primeiro a formação de um governo.
Moqtada Sadr tem demonstrado a sua capacidade de mobilização, visto que há duas semanas que os seus apoiantes estão acampados junto ao Parlamento na 'zona verde' de Bagdade, onde estão abrigadas instituições governamentais e embaixadas.
Na sexta-feira, o Quadro de Coordenação, que inclui os ex-paramilitares de Hachd al-Chaabi e o ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki, inimigo histórico de Sadr, respondeu na mesma moeda.
Após uma manifestação com milhares de pessoas numa avenida que leva à zona verde, os apoiantes da coligação anunciaram que não vão sair do local.
O novo protesto, que durará "até novo aviso", pretende "acelerar a formação do governo" e "resolver os problemas dos cidadãos" no Iraque, onde os serviços públicos estão a falhar.
Um jornalista da agência France-Presse (AFP) presenciou manifestantes a montarem estruturas de ferro com vastas cortinas para as primeiras tendas.
Esta mobilização "é a prova definitiva de que nenhum partido pode tomar a rua à custa de outro", realçou, em comunicado, Nouri al-Maliki.
Dez meses após as últimas eleições legislativas, o Iraque ainda aguarda a nomeação de um novo primeiro-ministro e de um Presidente da República, num cenário de intermináveis negociações e desavenças políticas.
A votação de outubro de 2021 foi conquistada pela corrente "sadrista", que foi o primeiro bloco no Parlamento com 73 dos 329 deputados.
No entanto, após falhar para reunir a maioria esperada para nomear um primeiro-ministro, Moqtada Sadr convocou os seus deputados a renunciarem em junho, deixando a tarefa de formar um governo para seus oponentes.
Depois, rejeitou um candidato proposto no final de julho pelo Quadro de Coordenação para se tornar o novo chefe de governo.
O Quadro de Coordenação está disponível para que a dissolução seja votada pelos deputados, mas Sadr continua intransigente e exige que a justiça dissolva o Parlamento dentro de uma semana.
Esta sexta-feira, voluntários distribuíram queixas pré-preenchidas aos manifestantes, para estes assinarem o pedido de dissolução à justiça.
A dissolução do Parlamento só pode ser feita por maioria absoluta de votos, de acordo com a Constituição iraquiana.
Esta pode ser solicitada por um terço dos deputados, ou pelo primeiro-ministro com o acordo do Presidente da República.
Vários milhares de apoiantes de Sadr participaram na grande oração de sexta-feira, perto do Parlamento, apesar dos mais de 40 graus centígrados.
As manifestações a favor dos dois blocos também ocorrem fora da capital iraquiana.
No sul, os sadristas pediram contenção para as manifestações às mesmas horas dos opositores, em Nassiriya, Kut e Amarah, segundo noticiou a AFP.
Em Mossul, uma metrópole do norte, centenas de apoiantes do Quadro de Coordenação também se manifestaram.
Leia Também: Iraque: Líder xiita impõe prazo para dissolução do parlamento
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com