Concluída terceira fase de enchimento da barragem no Nilo Azul
A Etiópia anunciou hoje a conclusão da terceira fase de enchimento do reservatório da mega barragem no Nilo Azul, apesar dos protestos do Sudão e do Egito, que estão preocupados com as consequências no seu abastecimento de água.
© Zacharias Abubeker/Bloomberg via Getty Images
Mundo Etiópia
"O que veem atrás de mim é o terceiro enchimento concluído", disse o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, num discurso televisivo a partir da Grande Barragem Etíope Renascentista (GERD), localizada no noroeste do país e apresentada como a maior de África.
O nível da água no reservatório atingiu agora os 600 metros, disse o chefe do Governo, num anúncio que ainda não teve reações da parte do Cairo e de Cartum.
O reservatório contém agora 22 mil milhões de metros cúbicos de água, da sua capacidade total de 74 mil milhões.
"O Nilo é um presente de Deus para os etíopes usarem", disse, prosseguindo: "Aqueles que não estão à altura das responsabilidades que lhes foram confiadas devem ser criticados", numa resposta implícita às críticas do Sudão e do Egito.
No entanto, prometeu que a Etiópia não monopolizaria as águas do Nilo e que continuaria a assegurar que não prejudicaria os países a jusante.
O Sudão e o Egito têm repetidamente pedido à Etiópia para parar com o reservatório da GERD, enquanto aguardam, entre outras coisas, por um acordo tripartido sobre a forma como a barragem irá funcionar.
Os dois países, afluentes do Nilo, afirmam que esta mega barragem, o maior projeto hidroelétrico do continente africano e um dos maiores do género no mundo, que produzirá 5.200 megawatts de eletricidade quando estiver concluído, irá afetar o seu abastecimento de água.
No final de julho, o Egito tinha protestado perante o Conselho de Segurança da ONU contra a intenção anunciada da Etiópia de continuar "unilateralmente", durante a atual estação chuvosa, o enchimento do reservatório, que teve início em julho de 2020, apesar da ausência de um acordo entre os três países em questão sobre o assunto.
"O Nilo foi dado gratuitamente a três países: Etiópia, Sudão e Egito e a estes três países foi dada a oportunidade de utilizar esta água gratuitamente", disse Abiy, para quem "se algum país pensa que não deve ser utilizada, está a violar as leis da natureza".
"O projeto, na sua totalidade, está agora 83,3% completo", e as suas obras civis estão "95% completas", disse Kifle Horo, gestor de projeto da GERD, durante a cerimónia.
O objetivo "durante os próximos dois anos e meio (...) é completar a barragem, prosseguir com cada fase de enchimento e instalar as restantes turbinas" para que a GERD possa produzir a plena capacidade, indicou Kifle.
Localizada a cerca de 30 quilómetros da fronteira sudanesa, no Nilo Azul, que se junta ao Nilo Branco em Cartum para formar o Nilo, a barragem tem 1,8 quilómetros de comprimento e 145 metros de altura.
O custo do projeto, lançado em 2011, está estimado em 4.000 milhões de dólares (cerca de 3.890 milhões de euros).
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