África não conseguirá criar empregos suficientes para a sua população
Um investigador alertou hoje que o crescimento exponencial da população de África, vista muitas vezes como uma oportunidade, é também um risco porque o continente não conseguirá empregar a juventude.
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Mundo África
"Sim, queremos uma África que cresça depressa. Mas África, nos cenários atuais, não pode criar empregos suficientes para a sua população massivamente crescente. O desemprego -- um potencial desestabilizador -- é o grande desafio com que temos de lidar", disse Jakkie Cilliers, líder do departamento de Futuros e Inovação Africana no Instituto de Estudos de Segurança (ISS, na sigla em inglês), sediado em Pretoria.
Num debate organizado pelo ISS sob o tema "Como irão as convulsões globais afetar África?", Cilliers apresentou um estudo do seu departamento em que são propostos quatro cenários possíveis para a ordem mundial, dependendo se o mundo caminha mais para o multilateralismo ou o regionalismo/nacionalismo, por um lado, e se se preocupa mais com sustentabilidade ou o crescimento económico.
O estudo propõe um mundo sustentável - em que o mundo caminha para a sustentabilidade e o multilateralismo, um mundo do crescimento -- em que a preocupação é o crescimento económico e a globalização, um mundo dividido -- em que há preocupações com o clima, mas há uma visão mais regional ou nacional, e um mundo em guerra -- em que o foco é o crescimento económico e a visão regional/nacional.
Perante qualquer um destes cenários, conclui Cilliers, África não conseguirá criar empregos para a sua população crescente e, mesmo que melhore em todas as áreas, ainda ficará longe do resto do mundo, porque o resto do mundo crescerá mais depressa.
"A minha preocupação preliminar é que quando olhamos para a população crescente de África, essa população não se traduz em nenhuma atividade económica, nem se traduzirá num futuro previsível", disse o especialista, argumentando que o continente está a formar jovens pouco qualificados, quando o mundo precisa de jovens altamente qualificados.
Para o responsável, África tem "excesso de capital humano e não é possível que o continente absorva toda essa juventude".
"Teremos de ter bolsas, esquemas de trabalho, teremos de atirar tudo para [resolver] este problema e ainda continuaremos a ter instabilidade", alertou.
África, com cerca de 1,3 mil milhões de habitantes, tem a maior taxa de crescimento populacional do mundo segundo a ONU, estimando-se que a população da África subsaariana duplique até 2050.
Segundo a ONU, independentemente das tendências futuras da fecundidade em África, o grande número de jovens africanos que atingirão a idade adulta nos próximos anos e terão filhos garante que a região desempenhe um papel central na formação do tamanho e distribuição da população mundial nas próximas décadas.
O debate de hoje foi o primeiro de uma série organizada pelo ISS sobre o futuro de África. Os próximos serão sobre a relação de África com a Ásia, com o Ocidente e consigo mesma.
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