Ativistas antirracistas decidiram filmar secretamente praias privadas na Costa Azul e, após terem acesso às imagens, planeiam executar uma ação judicial alegando discriminação nesta região de França.
A organização de direitos humanos SOS-Racisme enviou casais de diferentes origens étnicas a locais costeiros exclusivos e utilizou câmaras fotográficas escondidas para registar a forma como cada um foi recebido.
Um casal descrito como sendo de "aparência norte-africana", que solicitou espreguiçadeiras, foi informado de que estavam todas reservadas. Porém, minutos mais tarde, um casal branco que fez o mesmo pedido na mesma praia privada recebeu espreguiçadeiras na primeira fila perto do mar.
Alguns funcionários revelaram que não estavam autorizados a fazer uma reserva para espreguiçadeiras em praias privadas se lhes fosse dado um nome que "soasse estranho", informa o jornal britânico The Guardian.
"Se fosse dado um nome africano, o lugar estava cheio. Quando telefonei e dei um nome francês, estranhamente, ainda havia lugares", disse um ativista. Contudo, existem outros fatores que podem influenciar a resposta obtida quando se tenta fazer uma reserva. "Descobrimos que a discriminação pode ser baseada no vestuário, cor da pele, aparência física e origem da pessoa. É injusto e intolerável viver assim", lamentou Karima Es-slimani, membro do SOS Racisme Nice.
A SOS-Racisme tem levado a cabo operações secretas semelhantes para realçar a discriminação desde os anos 90, mas é a primeira vez que testa praias privadas na Riviera francesa.
Segundo a organização, um terço das praias privadas em Juan-les-Pins e Antibes praticam discriminação ilegal e dois terços das discotecas e bares em Marselha e Aix-en-Provence fazem uma seleção também ilegal de clientes com base nas suas origens.
Como tal, a organização está a elaborar um relatório para apresentar a advogados. "Estamos a trabalhar com advogados pró-bono que precisam de muitos detalhes para tomar medidas legais contra estes locais. Também utilizarão esta informação para elaborar relatórios anuais delineando a discriminação por área", divulgou Paula Cornette da SOS Racisme.
Não foram nomeados os estabelecimentos privados onde decorreu esta investigação.
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