Estados Unidos querem uma "verdadeira parceria" com África, diz Blinken
Os Estados Unidos querem uma "verdadeira parceria" com África, declarou hoje em Pretória o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, sublinhando a aposta de Washington em "ultrapassar" a influência de outras potências mundiais no continente.
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Mundo EUA
"O que procuramos é uma verdadeira parceria entre os Estados Unidos e África. Não queremos uma relação desequilibrada ou transacional", afirmou Blinken numa conferência de imprensa partilhada com a sua homóloga sul-africana, Naledi Pandor.
Blinken chegou à África do Sul na madrugada de domingo, para o início da sua segunda viagem oficial a África, que o levará em seguida à República Democrática do Congo (RDCongo) e ao Ruanda.
Blinken irá ainda delinear a visão estratégica de Washington para o continente num discurso na Universidade de Pretória, esta tarde, mas os detalhes do documento foram já divulgados.
Os Estados Unidos revelaram hoje o documento-quadro da política norte-americana da administração de Joe Biden para a África subsaariana, onde pretendem contrariar a presença russa e chinesa e desenvolver abordagens não-militares contra o terrorismo.
A nova estratégia, que reconhece a crescente importância demográfica de África, o seu peso nas Nações Unidas e os seus imensos recursos naturais e oportunidades, responde a críticas crescentes segundo as quais a acentuação da política externa norte-americana numa postura militar de luta contra os movimentos extremistas em África não tem produzido os resultados esperados.
"Os Estados Unidos têm um forte interesse em assegurar que a região se mantenha aberta e acessível a todos, e que os governos e as pessoas possam fazer as suas próprias escolhas políticas (...). As sociedades abertas são geralmente mais suscetíveis de trabalhar com os Estados Unidos, atrair mais comércio e investimento dos EUA (...) e contrariar as atividades prejudiciais da República Popular da China, Rússia, e de outros atores estrangeiros", sustenta o novo documento.
Intitulado "Estratégia dos Estados Unidos para a África Subsaariana", o documento detalha quatro objetivos quinquenais: fomentar sociedades abertas; proporcionar dividendos democráticos e de segurança; trabalhar na recuperação da pandemia e na oportunidade económica; apoiar a preservação e adaptação climática e uma transição energética justa.
África tem exercido um papel secundário na política externa dos Estados Unidos, registo que a nova administração norte-americana espera mudar e começar a concretizar numa cimeira Estados Unidos-África, agendada para 13 de dezembro em Washington.
O documento expressa ainda várias queixas da Casa Branca contra as políticas desenvolvidas por Pequim e Moscovo em África.
Sugere que Pequim está a utilizar o continente como uma "arena para desafiar as regras da ordem internacional, fazer avançar os seus interesses comerciais e geopolíticos estreitos (...) e enfraquecer as relações dos Estados Unidos com os povos e governos africanos".
Quanto à Rússia, Washington afirma que Moscovo "vê a região como um ambiente permissivo para as empresas paraestatais e militares privadas, criando frequentemente instabilidade com o objetivo de retirar vantagens estratégicas e financeiras", segundo o documento, que acusa ainda a Rússia de fazer uso da "desinformação".
A referência ao papel dos mercenários russos do Grupo Wagner, acusado pelo Ocidente de vários abusos, particularmente na República Centro-Africana e na Líbia, ainda que velada, é clara.
O documento sugere ainda a necessidade de um esforço crescente para "travar a recente onda de autoritarismo e golpes militares, trabalhando com aliados e parceiros na região para responder a recuos democráticos e violações dos direitos humanos".
Os Estados Unidos manifestam finalmente a intenção de utilizar a sua "capacidade unilateral" -- leia-se "militar" - contra alvos terroristas, "apenas onde for lícito e onde a ameaça for mais premente", mas apostam em "abordagens eficazes lideradas por civis, sempre que possível".
O apoio norte-americano à recuperação da região das graves consequências económicas da pandemia de covid-19 "é um pré-requisito para recuperar a confiança de África na liderança global dos Estados Unidos", acrescenta o documento.
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