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Itália: "É provável que direita ganhe legislativas, mas terá problemas"

A crise política desencadeada em Itália pela queda da coligação governamental de Mario Draghi poderá não ser sanada com a provável vitória da direita nas eleições antecipadas de 25 de setembro, defendeu hoje a analista italiana Teresa Coratella.

Itália: "É provável que direita ganhe legislativas, mas terá problemas"
Notícias ao Minuto

07:46 - 06/08/22 por Lusa

Mundo Crise política

Em entrevista à Lusa, a gestora de programação do departamento de Roma do Conselho Europeu de Relações Internacionais (ECFR, sigla em inglês) explicou que apesar de a direita italiana ter "há muito tempo um acordo de aliança não-oficial e de estar já a trabalhar para formar uma coligação - porque estavam previstas eleições legislativas para a primavera de 2023 -, não havia ainda um programa eleitoral completo dos três partidos que compõem esse bloco: Irmãos de Itália (de Giorgia Meloni), Força Itália (de Silvio Berlusconi) e Liga (de Matteo Salvini)".

"Embora seja ainda muito cedo para prever qualquer tipo de cenário, é uma evidência que a direita tem, neste momento, a maioria nas sondagens, mas há problemas muito difíceis entre os três aliados, sendo o primeiro deles o facto de [o ex-vice-primeiro-ministro e o antigo primeiro-ministro] Matteo Salvini e Silvio Berlusconi não quererem aceitar Giorgia Meloni como potencial primeira-ministra, se o partido dela for o mais votado e ela tiver, por isso, o direito de se candidatar à chefia do novo Governo ou de escolher quem será o candidato", indicou.

Outro dos problemas apontados por Teresa Coratella entre as três formações da direita italiana são as diferenças nos respetivos programas e as dificuldades em redigir um programa comum.

"Giorgia Meloni tem um programa muito nacionalista e Matteo Salvini tem um programa muito populista e anti-União Europeia (UE), ao passo que Silvio Berlusconi está apenas a atualizar o seu programa eleitoral de há cerca de 20 anos", resumiu.

"Eles não têm muito em comum, vêm de tradições políticas muito diferentes e, no caso de ganharem [as legislativas antecipadas], será muito, muito difícil para eles criar uma agenda concreta para Itália", vaticinou.

Além disso, prosseguiu, "existe um problema prévio: Giorgia Meloni entendeu perfeitamente que ser anti-UE, eurocética, não é bem visto: viu-se o que aconteceu a Matteo Salvini que, nos últimos três anos, sofreu uma queda nas intenções de voto de 30% para 15%".

"Por isso, ela está a tentar reposicionar-se, afirmando que quer cooperar com os outros parceiros europeus, manter um diálogo, e, é claro, existe um grande, grande fator que a diferencia dos outros dois, que é a condenação da invasão russa da Ucrânia [a 24 de fevereiro deste ano]", frisou.

Dos três dirigentes da direita italiana, Giorgia Meloni "foi a única que, quando a guerra começou, declarou publicamente que iria apoiar [o então primeiro-ministro, Mario] Draghi e qualquer decisão europeia e italiana para deter Putin [Presidente russo], enquanto os outros dois demoraram muito tempo até condenarem Putin -- e nunca sequer proferiram o nome dele", observou.

"É essa a grande diferença: ela justificou a sua posição contra a Rússia com base na soberania, disse que a Ucrânia é um Estado soberano, que tal significa que um Estado soberano precisa de manter a sua independência e que o que Putin fez foi uma total violação de um Estado soberano", salientou.

"A soberania está no centro da agenda política de Giorgia Meloni -- não, claramente, no sentido da soberania europeia, que os 27 Estados-membros trabalhem para fazer com que a UE se torne verdadeiramente soberana -, mas soberania no sentido nacionalista, soberania de cada um dos Estados-membros, para preservar as suas competências e independência", insistiu a analista italiana.

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