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Queixoso do processo que legalizou casamento gay é candidato nos EUA

O casamento para pessoas do mesmo sexo foi legalizado nos EUA a nível nacional em 2015, depois de um processo envolvendo Jim Obergefell e o seu falecido marido.

Queixoso do processo que legalizou casamento gay é candidato nos EUA
Notícias ao Minuto

19:09 - 02/08/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Midterms

Depois de ter sido o queixoso do processo que levou à legalização do casamento homossexual nos Estados Unidos, em 2016, o ativista Jim Obergefell é agora candidato para ser deputado estatal no estado norte-americano do Ohio, pelo Partido Democrata.

Numa altura em que a corrida às eleições intercalares (ou 'Midterms') está a ser marcada pelos ataques dos conservadores à comunidade LGBTQ+, a campanha de Obergefell tem-se focado na inclusão e na igualdade de direitos.

Num evento público, citado pela ABC News, o candidato questionou a ideia de igualdade no país. "Não podemos darmo-nos todos e tratarmo-nos como seres humanos? Não podemos ser pessoas decentes? Todos merecemos fazer parte da ideia de 'Nós, O Povo'", disse, referindo-se à expressão 'We, The People', que abre a constituição norte-americana.

Em 2015, o ativista esteve envolvido num importante processo de direitos civis: depois de ter casado com o seu companheiro, John Arthur, em plena pista do aeroporto do estado de Maryland. Arthur morreu pouco depois, e Obergefell tentou que este fosse reconhecido como seu marido no certificado de óbito. O processo foi avaliado pelo Supremo Tribunal, que acabou por dar razão ao queixoso e legalizou assim, a nível nacional, o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.

Jim Obergefell vai mesmo ser o candidato democrata para o cargo de deputado estatal, pelos condados de Ottawa e Erie, já que não enfrenta qualquer oposição nas primárias que se realizam esta terça-feira. Nas 'Midterms', que se disputam a nível nacional no dia 8 de novembro deste ano, Obergefell vai tentar conquistar o lugar do republicano D.J. Swearingen, que se candidata a um terceiro mandato e que tem feito uma campanha com base nos valores tradicionais e numa ideia conservadora de família.

As duas candidaturas são radicalmente contrastantes: numa altura em que vários estados conservadores, onde os republicanos são a maioria nos vários órgãos estatais, estão a oprimir os direitos da comunidade LGBTQ+ (nomeadamente impedindo a presença de conteúdos escolares que refiram a comunidade LGBTQ+ ou impedindo a participação de pessoas trans em eventos com crianças), Obergefell tem pedido que o seu partido lute mais pelos direitos das minorias étnicas e de género no país.

Mas a corrida não será fácil para o ativista. O Partido Republicano, graças a um processo conhecido como 'gerrymandering', redesenhou a distribuição do distrito para o qual Obergefell é candidato, tornando o condado mais republicano. Além disso, o estado do Ohio é um dos mais disputados, tendo caído para o anterior presidente Donald Trump nas últimas eleições, com os republicanos a controlarem todas as câmaras estatais e o cargo de governador.

Ainda assim, Jim Obergefell é um dos rostos mais reconhecidos no Ohio, recolheu o quádruplo dos fundos de D.J. Swearingen, segundo a ABC News, e está a ser apoiado financeiramente por algumas das maiores organizações de proteção dos direitos da comunidade LGBTQ+ dos Estados Unidos.

No entanto, Swearingen tem tentado desviar a corrida de assuntos relativos aos direitos civis de minorias de género, focando-se em "assuntos de mesa de cozinha", como o preço dos bens essenciais e o impacto da inflação nos orçamentos familiares. "Assuntos sociais não são uma das prioridades das pessoas", vincou o atual deputado.

A luta de Obergefell no pequeno distrito do Ohio torna-se particularmente relevante, depois da Câmara dos Representantes, onde os democratas são a maioria, ter votado a favor da proteção do casamento homossexual como um direito constitucional - reagindo à decisão do Supremo Tribunal de revogar o processo que definiu o aborto como um direito.

As 'Midterms' ocorrem sempre a meio dos mandatos presidenciais. Os eleitores norte-americanos votam em milhares de candidatos a várias eleições, desde o Congresso federal, a vários órgãos legislativos estatais, municipais, e mesmo para juízes, xerifes, procuradores-gerais, entre vários outros cargos.

Em alguns estados, são também referendadas propostas legislativas. No Kansas, por exemplo, será votada a proteção do direito ao aborto.

Aproveitando a queda em popularidade dos democratas e de Joe Biden, devido ao crescimento dos custos de vida e dos combustíveis, os conservadores tentam reconfigurar a composição dos congressos estatais e nacional através de campanhas contra os direitos conservadores, atacando a comunidade LGBTQ+ e, especialmente, a comunidade transsexual.

As eleições intercalares de novembro são também um palco importante, pois o controlo de total sobre um determinado estado permite ao partido vencedor utilizar um processo chamado 'gerrymandering' para delinear novas linhas e distritos eleitorais tendo em conta questões demográficas, facilitando a vitória nas presidenciais de 2024.

Leia Também: EUA aprova projeto de lei de proteção ao casamento homossexual

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