"Assinámos um acordo muito importante, fundamental para ganhar à direita", congratulou-se o secretário do Partido Democrata (PD, centro-esquerda), Enrico Letta, numa conferência de imprensa.
O líder do principal partido social-democrata do país estava há vários dias a negociar com várias formações de menor dimensão com o objetivo de criar uma frente ampla para deter a coligação de direita - da extrema-direita de Giorgia Meloni e Matteo Salvini e do conservador Silvio Berlusconi -, apontada como vencedora do escrutínio de setembro por todas as sondagens.
E hoje conseguiu juntar-lhe a "Azione" (Ação), o novo partido centrista do ex-ministro Carlo Calenda, ao qual as sondagens atribuem cerca de 5% das intenções de voto, e a "+ Europa", da ex-comissária europeia Emma Bonino.
O acordo surge após vários dias de divergências, já que Calenda, cujo protagonismo está a aumentar, tinha pensado candidatar-se sozinho como uma proposta centrista entre as coligações da esquerda e da direita e o Movimento 5 Estrelas (M5S), que também se apresentará a solo.
Contudo, Letta conseguiu convencê-lo a juntar-se-lhe, colocando por escrito algumas das suas exigências, como completar o Plano de Recuperação nos termos acordados em Bruxelas pelo primeiro-ministro em exercício, Mario Draghi, ou afastando o aumento de impostos.
Chegaram igualmente a acordo sobre a eleição dos candidatos nos vários círculos uninominais (70% para Letta e 30% para Calenda), em que são eleitos um terço dos assentos do Senado e da Câmara de Deputados.
É ainda importante sublinhar que o parlamento resultante das eleições de 25 de setembro será reduzido em um terço dos lugares, em consequência da reforma constitucional de 2019 impulsionada pelo M5S: o Senado passa de 315 para 200 e a Câmara de Deputados de 630 para 400.
Letta afiançou que continuará a reforçar a sua coligação, porque "não é imaginável que o país seja governado" pela líder da formação de extrema-direita Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, à qual as sondagens atribuem a dianteira, após um ano e meio como única oposição à coligação de unidade nacional de Draghi.
O ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, líder da centrista Itália Viva, uma cisão do PD, reiterou hoje a intenção de concorrer sem se coligar nas eleições de setembro próximo.
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