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Observadores nas eleições legislativas do Senegal rejeitam oposição

Os observadores internacionais às legislativas do passado domingo no Senegal aseguram que as eleições decorreram de "maneira mais do que satisfatória" e não têm qualquer indicação de "confiscação de votos", como acusou hoje a oposição senegalesa.

Observadores nas eleições legislativas do Senegal rejeitam oposição
Notícias ao Minuto

17:27 - 01/08/22 por Lusa

Mundo Senegal

"Até ao momento em que estou a falar, e ainda há pouco saí de uma reunião de troca de informações com a União Africana (UA) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), não temos nenhuma indicação de confiscação de votos", afirmou Patrice Trovada, ex-primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe e líder da delegação da Francofonia enviada ao país, em declarações à Lusa.

O mesmo responsável acrescentou que a delegação de observadores da Francofonia, assim como das delegações da UA e da CEDEAO, registam a "constatação unânime de que o dia de ontem (domingo) decorreu de uma maneira mais do que satisfatória".

"Não houve atraso na abertura dos locais de voto, as coisas foram conduzidas de uma maneira ordeira, todo o equipamento, o material, as representações estavam presentes. Lamentamos um pouco a participação [na ordem dos 47%, de acordo com o ministério senegalês do Interior], mas parece que não é um facto próprio ao Senegal. Mas tudo correu bem até ao final do exercício" especificou Trovoada.

A oposição senegalesa afirmou hoje ter obtido "uma maioria confortável" nas eleições para a Assembleia Nacional do Senegal, pouco depois de o campo presidencial ter reclamado a vitória nas eleições legislativas de domingo.

Aminata Touré, cabeça de lista da coligação presidencial, afirmou ao final da tarde de domingo que a coligação que encabeçou - Benno Bokk Yakaar (Unidos em Esperança), liderada pelo partido do Presidente Macky Sall -- Aliança para a República (APR)) -- tinha ganho 30 dos 46 departamentos e circunscrições eleitorais do Senegal, incluindo as da diáspora, ao mesmo tempo que reconheceu a derrota em Dacar, a capital.

"Isto dá-nos, sem dúvida, uma maioria na Assembleia Nacional", afirmou a antiga primeira-ministra senegalesa.

"Seguimos com espanto as declarações de Mimi Touré, que (...) se apresenta como porta-voz do Presidente Macky Sall, que procura, mais uma vez, confiscar os votos dos senegaleses, que acabam de dar uma confortável maioria na Assembleia Nacional à coligação Yewwi Wallu", reagiu a principal coligação da oposição através de uma declaração divulgada hoje.

A Yewwi Wallu une a coligação Yewwi Askan Wi (YAW, "libertem o povo", em wolof), dirigida pelo principal líder da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, e a Wallu Senegal ("salvem o Senegal", também em wolof), formada em torno do antigo presidente Abdoulaye Wade.

A oposição não especificou o número de deputados obtidos pelo seu campo, nem se reclama uma maioria relativa ou absoluta, mas falou de "tendências pesadas extraídas dos PV (processos verbais, relatórios das assembleias de voto) na nossa posse e transmitidas adequadamente pela imprensa nacional".

"Apelamos à opinião nacional e internacional contra qualquer tentativa de manipulação dos resultados (...) e apelamos também a todos os senegaleses para que se ergam para garantir a vitória do povo", acrescenta a declaração.

"Estamos a falar de cerca de 16.000 assembleias de voto (15.196 no Senegal), e até agora não temos ainda tudo completamente apurado, mas não temos essas indicações [de fraude ou "confiscações"]", contrapôs Patrice Trovoada.

O líder dos observadores da Francofonia ublinhou que o conjunto dos atores envolvidos direta e indiretamente no escrutínio está "à espera dos resultados provisórios", sendo que, o que sabe apenas, "pela leitura dos primeiros resultados, é que é um resultado apertado. Mas vamos aguardar".

O antigo governante são-tomense atribui a disputa inicial na reclamação da vitória ao facto de ter havido oito coligações a disputar estas eleições - "cada coligação tem os seus dados", sublinhou -, mas aconselhou a que se aguarde que "os órgãos encarregados de se pronunciar, quer ao nível dos dados provisórios, quer definitivos, se pronunciem".

"Tenho confiança que o processo irá continuar sem grandes atropelos, mas é melhor toda a gente esperar", acrescentou.

"Antes destas eleições houve algumas dificuldades, alguns desentendimentos na constituição das listas, e depois as oito coligações resolveram participar no escrutínio. Por conseguinte, aceitaram os termos do código eleitoral e é bom que se aceite os termos e as regras do jogo até ao fim, que se espere pelas várias fases de pronunciamento dos resultados, provisórios e definitivos, e onde se deve recorrer que se recorra, de uma maneira ordeira e legal para que as coisas possam ser aceites por todos", disse.

"Volto a repetir: da observação que fizemos, as coisas realmente decorreram bem. A Francofonia apoiou-se numa plataforma de observadores da sociedade civil nacionais, com 400 observadores em todo o território nacional, e as primeiras indicações é que não houve grandes problemas a assinalar e correu tudo bem", reiterou Trovoada.

"E para o bem da democracia senegalesa é bom que isso continue assim até aos resultados oficiais finais", disse ainda.

O responsável recordou que o país realizou eleições autárquicas em janeiro último e a oposição ganhou grandes cidades, nomeadamente Dacar, Ziguinchor (sul) e Thies (oeste). "E não houve contestação nenhuma das instâncias encarregues de se pronunciar quanto aos resultados provisórios e definitivos dessas eleições", sublinhou Patrice Trovoada.

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