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Militares do Burundi enviados para a RDCongo para caçar rebeldes

Centenas de soldados e milicianos burundeses foram enviados clandestinamente para o leste da República Democrática do Congo (RDCongo), desde 2021, para combater o grupo rebelde RED-Tabara, denunciou hoje a organização Iniciativa para os Direitos Humanos no Burundi (IDHB).

Militares do Burundi enviados para a RDCongo para caçar rebeldes
Notícias ao Minuto

12:53 - 27/07/22 por Lusa

Mundo República Democrática do Congo

O exército burundês sempre negou qualquer operação secreta, alegando atuar apenas no quadro de intervenções conhecidas da Comunidade dos Estados da África Oriental (EAC, na sigla em inglês), da União Africana (UA) ou da ONU.

O Burundi faz parte de uma força militar regional, decidida em junho pela EAC, para lutar contra grupos armados que lutam no leste da RDCongo e minam as relações com os países vizinhos.

Mas, segundo o IDHB, uma organização sediada no estrangeiro que recolheu numerosos testemunhos (de soldados, famílias, membros do partido no poder e da oposição), militares e Imbonerakure (membros do movimento juvenil do partido no poder) foram secretamente destacados, a partir de dezembro de 2021.

"Durante mais de 10 anos, os militares burundeses e os Imbonerakure têm procurado periodicamente localizar grupos armados da oposição burundesa na RDCongo. Mas a operação atual é de uma escala e duração diferentes", escreve a organização.

"Acredita-se que várias centenas de militares burundianos e os Imbonerakure, mais de 1.000, tenham viajado para a RDCongo em ondas sucessivas, desde finais de 2021. Estima-se que cerca de 700 foram para lá no início do destacamento, em dezembro de 2021", detalha a organização, ao mesmo tempo que diz não poder confirmar "o número exato de soldados e Imbonerakure destacados, nem o número de incursões".

"O Grupo de Peritos da ONU recolheu informações sobre 17 incursões ou operações do exército burundês e do Imbonerakure no território de Uvira, na RDCongo, entre setembro de 2021 e março de 2022", afirmou.

De acordo com os testemunhos, este envio de tropas foi feito clandestinamente.

"Muitos soldados receberam ordens para vestir roupas civis antes de atravessarem para a RDCongo (...). Os oficiais militares também impediram os soldados de levar consigo os seus documentos de identidade e telemóveis", escreve o IDHB.

As autoridades burundesas deram muito poucas informações às famílias das pessoas mortas na RDCongo, cujo número preciso não é conhecido.

"Alguns dos Imbonerakure estavam zangados com a forma como foram tratados durante a operação militar na RDCongo e com a perceção da falta de reconhecimento pelas autoridades burundesas do papel que desempenharam. Aos Imbonerakure foram dadas ordens rigorosas para não falarem sobre a sua missão", escreve a organização.

"Alguns sentiram que tinham sido induzidos em erro ou enganados. Outros sentiram-se abandonados", acrescenta.

Criado em 2011, RED-Tabara é o mais ativo dos grupos rebeldes do Burundi. Este movimento, considerado "terrorista" pelas autoridades, reivindicou em setembro a responsabilidade por um ataque ao aeroporto internacional de Bujumbura, a capital económica, que foi palco de vários ataques no mesmo mês.

Em maio, o Presidente Evariste Ndayishimiye disse estar pronto a "dialogar" com grupos rebeldes burundeses sediados no leste da RDCongo.

Leia Também: Pelo menos 15 mortos em protestos contra a missão da ONU na RDC

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