República Checa. Quinta de porcos em ex-campo de concentração é demolida

1.309 cidadãos ciganos foram internados neste campo em Lety, no sul da região da Boémia entre 1939 e 1943.

Notícia

© Getty

Beatriz Cavaca
22/07/2022 15:48 ‧ 22/07/2022 por Beatriz Cavaca

Mundo

Campo de concentração

Uma quinta de porcos construída no espaço de um antigo campo de concentração nazi, na República Checa foi demolida, esta sexta-feira.

A demolição acontece depois de décadas de disputas entre os proprietários da quinta, o governo e grupos de direitos de cidadãos de etnia cigana, cujos familiares sofreram neste campo nazi.

Segundo relatos históricos citados pelo canal britânico BBC, 1.309 cidadãos ciganos foram internados neste campo em Lety, no sul da região da Boémia, durante a guerra.

Entre as vítimas estavam muitas crianças e 326 pessoas morreram desnutridas,  de maus-tratos ou doenças diversas naquele lugar. O campo era ocupado por guardas checos, e não a SS, mas nenhum deles foi condenado após a guerra. 

O papel deste sítio no Holocausto tem sido amplamente discutido entre historiadores e políticos, sendo que este campo em Lety foi originalmente estabelecido pelo governo da Checoslováquia (atual República Checa) duas semanas antes da ocupação nazi em março de 1939, como um campo para "cidadãos trabalhadores". Porém em julho de 1942, as autoridades do Nazis  transformaram-no num "campo cigano", e os primeiros presos ciganos chegaram nesse mesmo outono.

Na sua maioria os que morreram foram vítimas de uma epidemia de febre tifoide durante o inverno de 1942. Sem conseguirem controlar a doença os nazis fecharam o campo em maio de 1943 e aqueles que ficaram vivos foram enviados para instalações semelhantes na Morávia ou em Auschwitz.

A população cigana da Boémia e da Morávia foi quase inteiramente exterminada durante o  Holocausto e durante a década de 70, esta quinta de  porcos foi construída em Lety afetando muito a preservação possível da memoria dos familiares das vítimas.

A demolição da quinta marca o culminar de uma longa e árdua campanha de ativistas dos direitos ciganos que agora podem celebrar a memória dos seus familiares. Isto tendo em conta que aqui já não existem mais vestígios das instalações e existe apenas um modesto memorial em honra das vítimas feito em pedra. Junto a essa pequena lembrança aconteciam cerimónias anuais de homenagem, muitas vezes interrompidas pelo cheiro de dejetos animais.  

Este processo contou com a oposição do ex-primeiro-ministro Andrej Babis, que argumentava que Lety não era um campo de concentração, mas um campo de trabalho.

A questão foi finalmente resolvida quando o governo atual comprou a quinta de porcos aos proprietários e a fechou, passando este espaço a fazer parte do  Museu da Cultura Romani.

A espaço será agora um museu dedicado a esta comunidade.

Leia Também: Gare em França recorda judeus deportados para Auschwitz

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas