Abdel Fattah, figura central da revolta popular que derrubou o Presidente Hosni Mubarak em 2011 e um dos principais alvos do regime do atual chefe de Estado Abdel Fattah al-Sisi, há mais de 100 dias que "não consome mais de 100 calorias por dia, ou seja, uma colher de mel e um pouco de leite no chá", segundo os seus próximos.
A irmã Sanaa anunciou que na segunda-feira vai apresentar o seu caso a Washington.
Também para a próxima semana, o Presidente norte-americano, Joe Biden, tem prevista uma deslocação ao Médio Oriente, num périplo que inclui a Arábia Saudita e onde também estarão presentes diversos dirigentes árabes, incluindo Al-Sisi.
Uma outra irmã, Mona, que não tem deixado de alertar para a situação dos mais de 60.000 presos políticos no Egito, desde há meses que recolhe mensagens de apoio de deputados em Londres, Berlim ou Bruxelas.
Condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "falsas informações", mas detido desde setembro de 2019, Alaa Abdel Fattah apenas foi autorizado a dormir num colchão ou a receber um livro desde junho, quando foi transferido para uma prisão acabada de construir, indicaram os familiares, citados pela agência noticiosa AFP.
"Apenas se irá alimentar após receber uma visita consular das autoridades britânicas", indica um comunicado do comité de apoio, que também inclui membros da família Abdel Fattah, que obteve a nacionalidade britânica já durante o período de detenção.
No final de junho, a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, assegurou estar a "trabalhar intensamente" para obter a libertação do egípcio-britânico.
O Governo britânico está em plena crise, após a demissão na quinta-feira do primeiro-ministro Boris Johnson, e Truss tem surgido como um dos nomes para o substituir.
"As autoridades egípcias sabem que Alaa é um símbolo de resistência e de liberdade [...]. A sua detenção injusta envia uma clara mensagem aos outros militantes e vem ensombrar os preparativos" da conferência da ONU sobre o clima CPO27, prevista para novembro, no Egito, afirmou no final de julho a Organização não governamental (ONG) Amnistia Internacional.
A Human Rights Watch, outra organização de direitos humanos, já considerou que a CPO27 constitui "uma recompensa ao poder repressivo" de Sisi.
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