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Ex-autarca no Ruanda diz que nunca mandou matar Tutsis

O antigo presidente da câmara de Gikongoro, no Ruanda, afirmou hoje em julgamento que nunca deu ordens para matar ruandeses de etnia Tutsi, apresentando-se como alguém que foi ultrapassado por estes acontecimentos dos anos 90.

Ex-autarca no Ruanda diz que nunca mandou matar Tutsis
Notícias ao Minuto

17:17 - 05/07/22 por Lusa

Mundo Tutsis

"Em momento algum dei ordens para matar Tutsis", disse Laurent Bucyibaruta durante o seu julgamento, em Paris, no qual enfrenta acusações de genocídio, cumplicidade no genocídio e cumplicidade em crimes contra a Humanidade.

Bucyibaruta foi presidente da câmara de Gikongoro desde 1992 até julho de 1994, numa região do sul do Ruanda que foi uma das mais afetadas pelo genocídio contra minoria Tutsi, que começou a 7 de abril de 1994 e que fez, segundo as Nações Unidas, mais de 800 mil mortos.

Nas declarações, citadas pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), Bucyibaruta admitiu que a situação na sua cidade era "grave", mas considerou que era sobretudo um problema de gestão dos refugiados, não falando nos saques, incêndios e homicídios que levaram os Tutsis a fugir de suas casas.

Na cidade de Gikongoro, como noutras localidades do Ruanda, as mortes começaram pouco depois do derrube do avião em que seguiam Habyarimana e o seu homólogo do Burundi, Cyprien Ntaryamira, junto ao aeroporto de Kigali, em escolas e igrejas onde tutsis e hutus moderados procuraram refúgio.

Laurent Bucyibaruta é acusado de ter participado ativamente no massacre na escola técnica de Murambi, incitando os civis a refugiarem-se no local e prometendo-lhes alimentos e segurança.

Em 21 de abril de 1994, dezenas de milhares de tutsis reunidos nessa escola em construção, encurralados por bloqueios de estradas, foram executados com catanas, granadas e armas por soldados, milicianos e civis hutus.

Algumas pessoas sobreviveram, fugindo ou escondendo-se entre os cadáveres. As mortes continuaram durante todo o dia em duas paróquias vizinhas.

Laurent Bucyibaruta é ainda acusado de responsabilidade no massacre de cerca de 90 alunos tutsi na escola Marie Merci, em Kibeho, em 07 de maio de 1994, e pela execução de prisioneiros tutsi, incluindo três padres, na prisão de Gikongoro, acusações que também contesta.

Em contrapartida, beneficiou do arquivamento da acusação de assassínio de um paramilitar ruandês e da violação de mulheres tutsi por milicianos.

O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) abriu um processo contra Laurent Bucyibaruta, mas acabou por se retirar a favor da justiça francesa.

A divisão de crimes contra a humanidade do tribunal de Paris tem atualmente abertos cerca de trinta processos relacionados com o genocídio no Ruanda.

Leia Também: Presidente do Ruanda acusa RDCongo de colaborar com rebeldes ruandeses

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