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Oligarca russo considera "erro colossal" a "guerra" movida pelo Kremlin

O oligarca e empresário russo Oleg Deripaska considerou hoje um "erro colossal" o conflito na Ucrânia, onde a Rússia desencadeou uma vasta ofensiva em fevereiro, afirmações de rara virulência de um representante da elite russa.

Oligarca russo considera "erro colossal" a "guerra" movida pelo Kremlin
Notícias ao Minuto

19:07 - 28/06/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"A destruição da Ucrânia será do interesse da Rússia? Decerto que não, isso seria um erro colossal", disse no decurso de uma rara conferência de imprensa em Moscovo.

Deripaska repetiu por diversas vezes esta fórmula de "erro colossal" e qualificou de "guerra" a situação na Ucrânia, um termo banido na Rússia após as autoridades terem imposto a designação de "operação militar especial".

O oligarca, fundador do gigante do alumínio Rusal, também considerou que o atual regime político na Rússia não deverá registar qualquer alteração.

"Não existe potencial para uma alteração do regime", frisou, ao considerar que a oposição "se retirou da vida política do país".

Os representantes da oposição ao Presidente Vladimir Putin foram na maioria forçados ao exílio ou estão detidos, uma repressão que se acentuou com a ofensiva contra a Ucrânia.

O fundador da Rusal, um conglomerado também alvo das sanções ocidentais, detinha em 2022 segundo a revista Forbes uma fortuna avaliada em 1,7 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros), contra 3,8 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros) em 2021.

Nos primeiros dias da ofensiva russa e devido ao amplo pacote de sanções ocidentais, Deripaska não criticou diretamente a ofensiva, mas sublinhou que a Rússia enfrentava um enorme desafio económico.

Hoje, Deripaska criticou a resposta russa às sanções, lamentando que as autoridades ainda não tenham adotado "120 dias após o início do conflito, decisões que eram necessárias" para atenuar o impacto das restrições para a economia russa.

As sanções "são muito mais dolorosas para a Rússia do que para o ocidente, é evidente", considerou.

Desta forma, contradisse o Presidente Vladimir Putin, para quem a Rússia resistiu às sanções, que pelo contrário estão a penalizar as populações ocidentais e referindo-se em particular ao aumento dos preços da energia.

Na Rússia, a inflação aumentou consideravelmente e diversas empresas interromperam a atividade.

"Incomoda-me como depressa se ultrapassou o que ocorria nos anos de 1990, e de seguida desbaratar o que foi atingido nos anos 2000", disse, numa outra crítica velada ao Kremlin.

Putin reivindica ter posto termo ao "caos" da década de 1990, assinalada pela liberdade de expressão mas também pela transição forçada para o capitalismo após a desintegração da União Soviética, e que originou no país euro-asiático uma profunda crise económica e social.

Apesar de o Presidente russo ter coartado as liberdades públicas e demonstrado incapacidade para combater eficazmente a corrupção, conseguiu estabilizar a Rússia a partir a sua tomada de posse em 2000, devido às decisivas exportações de petróleo e gás que permitiram a ascensão de uma classe média que agora começa a sentir o efeito das sanções.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 125.º dia, provocou um número ainda por contabilizar de vítimas.

A ONU confirmou a morte de mais de 4.600 civis, mas tem alertado que o balanço real será consideravelmente superior por não ter acesso a muitas zonas do país.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

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