Yesli Vega, uma candidata do Partido Republicano do estado norte-americano de Virgínia ao Congresso, afirmou que as mulheres vítimas de violação têm menos probabilidades de engravidar porque “não é algo que acontece organicamente”. Os comentários sugiram no mês passado, ainda antes do Supremo Tribunal dos EUA anular o direito constitucional ao aborto, mas foram agora divulgados pelo jornal Axios.
Questionada, num evento no Condado de Stafford, sobre o que o Congresso poderia se a decisão Roe v. Wade fosse revogada, a republicana - que pretende destituir a democrata Abigail Spanberger do 7.º distrito de Virgínia - respondeu com base na sua “experiência” enquanto “agente da autoridade” no condado de Prince William.
“A esquerda dirá: Bem, e em casos de violação ou incesto? Eu sou uma agente da autoridade. Tornei-me oficial da polícia em 2011. Trabalhei num caso em que, em resultado de uma violação, a jovem ficou grávida”, começou por afirmar a republicana.
No áudio, é possível ouvir alguém a questionar Vega: “Na verdade, já ouvi dizer que é mais difícil para uma mulher engravidar se tiver sido violada. Já ouviu falar sobre isso?”
Here's the audio clip in question: pic.twitter.com/0k6iBA2bUA
— Ned Oliver (@nedoliver) June 27, 2022
“Talvez, porque há tanta coisa a acontecer no corpo. Não sei. Eu não vi, sabe, nenhum estudo. Mas se eu processar o que está a dizer, não me surpreenderia”, começou por afirmar. “Porque não é algo que esteja a acontecer organicamente. Está a forçá-lo. O indivíduo, o homem, está a fazê-lo tão rapidamente - não é como se, você sabe... - por isso, posso ver porque é que há verdade nisso. É uma infelicidade”.
O jornal online que divulgou os comentários, Axios, pediu a Yesli Vega que comentasse a sua posição. “Sou mãe de dois filhos, tenho plena consciência de como as mulheres engravidam”, defendeu.
Na semana passada, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos aprovou, com o apoio de seis dos nove juízes da mais alta instância judicial dos EUA, uma decisão que anula o direito constitucional ao aborto. Agora, os estados que assim decidirem poderão proibir totalmente o aborto.
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