Primeiro-ministro da Bulgária demite-se após ter sido derrubado por moção
O primeiro-ministro da Bulgária, Kiril Petkov, apresentou hoje a sua demissão, após ter sido derrubado na semana passada por uma moção de censura da oposição, e o país enfrenta a possível convocação das quartas eleições em 18 meses.
© Getty Images
Mundo Kiril Petkov
Depois de apenas seis meses no poder, a coligação de quatro partidos de diferentes ideologias formada pelo liberal Petkov desmoronou-se nas últimas semanas com a saída de quatro ministros do partido populista "anti-sistema" Existe Tal Povo (ITN), liderado pelo famoso cantor Slavi Trifonov.
Trifonov acusou o primeiro-ministro, um economista formado na Universidade de Harvard (Estados Unidos), de gerir mal as contas públicas e de querer levantar o veto da Bulgária ao início das negociações de adesão à União Europeia (UE) da vizinha Macedónia do Norte.
A moção de censura depois apresentada pela direita conservadora Cidadãos Pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB) e apoiada pela restante oposição criticava o executivo pelo "falhanço da política económica e financeira" num contexto de inflação galopante.
Dois dias depois da aprovação da moção de censura, o Parlamento búlgaro votou a favor do levantamento do veto à abertura de negociações para a adesão da Macedónia do Norte à UE.
O Presidente búlgaro, o pró-russo Rumen Radev, voltará novamente a encarregar Petkov da formação de um novo Governo e este terá apenas uma semana para encontrar uma maioria no Parlamento.
Porém, o cenário mais provável é que não seja possível a Petkov formar um novo executivo, ficando a tarefa a cargo do partido de oposição populista de direita GERB, do antigo primeiro-ministro Boyko Borisov.
O GERB já indicou que devolverá de imediato a tarefa de formar um Governo, que passará para qualquer outra formação.
Se nenhuma formação política conseguir reunir a maioria necessária -- o cenário mais plausível segundo os analistas -, então o parlamento será dissolvido e serão convocadas eleições antecipadas para o próximo outono, que serão as quartas desde abril do ano passado.
Após três eleições legislativas sucessivas em 2021, muitos búlgaros receiam que o país mergulhe numa complexa crise política e num período já muito complicado devido à guerra na Ucrânia e ao recrudescimento da pandemia da doença covid-19.
Neste país eslavo dos Balcãs, de religião ortodoxa e tradicionalmente próximo de Moscovo, a guerra iniciada com a invasão russa da Ucrânia a 24 de fevereiro acentuou as divisões internas e fragilizou o Governo.
Apesar da sua forte dependência da energia russa, Sófia não cedeu ao pedido do Kremlin para abrir uma conta em rublos para o pagamento do gás russo, o que implicou um importante corte das entregas.
Uma situação que, segundo observadores locais, foi crucial para o início da atual crise.
Outra fonte de discórdia é o veto búlgaro ao início das negociações da Macedónia do Norte à União Europeia (UE), relacionado com contenciosos históricos e culturais.
O chefe de Estado búlgaro é caracterizado como um homem sensível ao discurso do Kremlin e que sempre se opôs ao apoio militar do seu país à Ucrânia ou ao levantamento do veto búlgaro sobre a abertura das negociações de adesão da Macedónia do Norte.
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