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China defende política de 'zero casos' após alerta de embaixador dos EUA

A China defendeu hoje a sua política de tolerância zero à covid-19, depois de o embaixador dos Estados Unidos ter apontado os seus graves danos para a economia mundial e confiança dos investidores.

China defende política de 'zero casos' após alerta de embaixador dos EUA
Notícias ao Minuto

14:54 - 17/06/22 por Lusa

Mundo Covid-19

O porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Wang Wenbin disse que a economia chinesa está a recuperar dos efeitos da pandemia e que os "factos provam" que a política da China, que implica bloqueios, quarentenas e testes em massa, é "adequada às condições nacionais da China e resistiu ao teste da História".

"Temos plena confiança de que [podemos] conter a epidemia, estabilizar a economia e alcançar a meta de desenvolvimento económico", disse Wang, em conferência de imprensa.

A China mantém uma estratégia de 'zero casos' de covid-19, apesar dos crescentes custos económicos, e enquanto o resto do mundo está a repor a normalidade.

O embaixador norte-americano, Nicholas Burns, disse na quinta-feira que a estratégia de Pequim "teve um grande impacto" na confiança dos negócios, destacando o bloqueio de dois meses em Xangai, a maior cidade da China e importante centro financeiro, como especialmente prejudicial.

A maioria dos 25 milhões de habitantes de Xangai ficou confinada nas suas casas, e centenas de milhar continuam sob restrições. Bloqueios localizados foram também impostos em Pequim e outras cidades.

Críticos dizem que a política está a danificar as cadeias globais de fornecimento, o mercado de trabalho e o consumo na China. A Organização Mundial da Saúde considerou que a estratégia do país é "insustentável".

A China considerou estas declarações como "irresponsáveis".

Burns disse, num discurso perante o grupo de reflexão Brookings Institution, que existiam 40.000 cidadãos norte-americanos na área de Xangai, antes da pandemia, mas que "muitas dessas pessoas voltaram para casa".

"Acho que o Governo chinês está bastante ciente da necessidade de tentar repor a normalidade", disse.

Burns afirmou que poucas empresas norte-americanas estão a deixar a China em definitivo, devido à importância do país, mas pelos "resultados" que leu e pelas "conversas" que teve, "existe agora hesitação em avançar com novos investimentos".

O comércio entre EUA e China ascendeu a 650 mil milhões de dólares (620 mil milhões de euros), no ano passado, e cerca de 1.100 empresas norte-americanas operam no país.

Visitas de funcionários do governo e líderes empresariais dos EUA à China foram praticamente suspensas, devido às restrições fronteiriças, enquanto o número de estudantes norte-americanos no país caiu drasticamente.

"É difícil convencer qualquer um dos meus colegas em Washington a vir aqui, se eu lhes disser que têm que ficar em quarentena por 14 dias antes de poderem ter uma única reunião", disse Burns.

O diplomata apontou que o Governo chinês está a sinalizar que a política atual provavelmente se vai prolongar até aos primeiros meses do próximo ano, pelo menos.

Burns, que considerou que as relações entre Washington e Pequim estão no ponto mais baixo desde a visita do ex-presidente Richard Nixon em 1972, disse que a política externa assertiva da China intensificou a competição entre os dois países.

Mas apontou que há várias áreas nas quais as duas potências podem cooperar, incluindo as mudanças climáticas, políticas antinarcóticos e comércio agrícola.

Burns disse que grande parte do seu trabalho visa alcançar o público chinês, uma tarefa dificultada pelas medidas de prevenção epidémica e pela censura exercida pelo Governo chinês.

A embaixada norte-americana difundiu um discurso recente sobre a China, proferido pelo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na rede social Weibo. O discurso foi censurado cerca de duas horas e meia depois, mas atraiu um grande número de visualizações enquanto esteve visível.

"Esse é o jogo que eles jogam", apontou o diplomata.

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