No estudo, intitulado 'Aprisionado', a Organização Não Governamental (ONG) britânica relata que o bem-estar mental de crianças, jovens e cuidadores deteriorou-se significativamente desde um relatório semelhante, em 2018, com o número de jovens nestas situações a subir de 55% para 80%.
A Save the Children aponta sintomas de depressão, ansiedade, medo e pensamentos suicidas, no relatório que é baseado em entrevistas com 488 jovens entre os 12 e 17 anos e 160 pais, divulgado por ocasião dos 15 anos do bloqueio israelita.
Este bloqueio foi estabelecido em junho de 2007, em resposta à tomada do poder daquele enclave palestiniano por parte do movimento islâmico Hamas, inimigo do Estado judeu.
Desde então, Israel e Hamas travaram quatro guerras (2008-2009, 2012, 2014, 2021) no microterritório afetado pela pobreza e pelo desemprego.
A ONG lamenta a falta de perspetivas de mudança para os 2,3 milhões de habitantes, dos quais 47% são menores de idade.
Destes, 800.000 apenas conhecem a vida sob bloqueio, alerta a Save the Children.
"As crianças (...) descreveram viver num estado permanente de medo, preocupação, tristeza e sofrimento, esperando o próximo ciclo de violência", sublinha Jason Lee, responsável da ONG para os territórios palestinianos.
Os sinais desta "angústia" são "chocantes" e devem alertar a comunidade internacional, acrescenta.
Para a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW), o bloqueio "devastou a economia de Gaza, contribuiu para a fragmentação do povo palestiniano e contribui para os crimes contra a humanidade do apartheid e a perseguição das autoridades israelitas contra milhões de palestinianos".
"Os jovens pagam o preço porque nunca conheceram Gaza antes do bloqueio. Os seus horizontes estão de fato limitados a uma faixa de terra de 40 quilómetros por 11 e isso limita as suas hipóteses de interagirem com o mundo e as suas oportunidades futuras", salienta à agência France-Press (AFP) Omar Shakir, diretor da HRW para Israel e os territórios palestinianos.
Gaza tornou-se uma "prisão a céu aberto", denuncia ainda Shakir, que também culpa o Egito por restringir o acesso dos habitantes de Gaza ao seu território.
Israel conquistou Jerusalém Oriental durante a Guerra israelo-árabe dos Seis Dias, em junho de 1967, juntamente com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Os palestinianos pretendem recuperar a Cisjordânia ocupada e Gaza e reivindicam Jerusalém Oriental como capital do futuro Estado da Palestina a que aspiram.
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