Correspondente do NYT no Zimbabué condenado a dois anos de cadeia
O correspondente do New York Times (NYT) no Zimbabué, Jeffrey Moyo, acusado de ajudar jornalistas estrangeiros a obter credenciais falsas no país, foi hoje condenado à pena suspensa de dois anos de cadeia.
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Mundo Zimbabué
O jornalista, de 37 anos, foi preso em maio de 2021 e acusado de obter para Christina Goldbaum e João Silva, outros jornalistas do NYT, autorizações falsas para uma reportagem de uma semana, tendo sido libertado sob fiança três semanas depois.
De acordo com as "provas apresentadas ao tribunal, fica claro que o arguido pode ter sido cúmplice" na fabricação dos cartões de credenciamento, disse o juiz Mark Dzira na leitura do acordão.
O jornalista também foi multado em 220 mil dólares zimbabueanos (575 euros) e os seus advogados anunciaram que vão recorrer da sentença.
O Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), uma organização não-governamental que defende a liberdade de imprensa em todo o mundo, classificou a sentença de "paródia monumental da justiça".
A Comissão de Imprensa do Zimbabué (ZMC, na sigla em inglês), que credencia os profissionais de imprensa, disse que foi negada permissão aos dois jornalistas para trabalhar no país porque não obtiveram aprovação por escrito do Ministério da Informação, como é prática usual.
Num artigo publicado na sua edição de hoje, o NYT afirma que Moyo de facto obteve credenciamentos para os seus dois camaradas, que usaram para obter vistos à chegada a um aeroporto do país.
"Mas três dias depois, um funcionário do departamento de imigração cancelou esses vistos, alegando que o credenciamento era fraudulento", acrescentou o jornal.
O Zimbabué tem um longo histórico de relações tensas com a imprensa estrangeira, tendo proibido o seu trabalho por longos períodos no início dos anos 2000, obrigando os jornalistas a pedirem credenciais para cada trabalho.
A lei já foi revogada, mas os regulamentos continuam em vigor.
A decisão do tribunal "mostra o quanto a liberdade de imprensa se deteriorou no Zimbabué sob a governação do Presidente Emmerson Mnangagwa", disse à agência AFP a coordenadora do CPJ, Angela Quintal.
Segundo a organização, pelo menos quatro outros jornalistas são atualmente alvo de processos judiciais no país.
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