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RDCongo suspende voos da Rwandair em retaliação por apoio a grupo armado

A República Democrática do Congo (RDCongo) suspendeu os voos da companhia de bandeira ruandesa Rwandair em protesto contra o alegado apoio do Ruanda ao movimento rebelde 23 de Março (M23), anunciou hoje o Governo congolês.

RDCongo suspende voos da Rwandair em retaliação por apoio a grupo armado
Notícias ao Minuto

11:55 - 28/05/22 por Lusa

Mundo RDCongo

"Tendo em conta o apoio do Ruanda aos terroristas M23, foi decidido suspender imediatamente os voos da Rwandair para o nosso país. Um aviso ao Governo ruandês, que está a perturbar o processo de paz" na RDCongo, disse o porta-voz do Governo, Patrick Muyaya, na sua conta do Twitter.

A decisão foi tomada após uma reunião extraordinária do Alto Conselho de Defesa, presidida pelo chefe de Estado congolês, Félix Tshisekedi.

As autoridades da RDCongo também convocaram o embaixador ruandês acreditado no país para o notificar da "total desaprovação do Governo congolês", de acordo com extratos da reunião publicados hoje pelos meios de comunicação locais.

As Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) reconquistaram esta semana várias localidades antes controladas pelo M23 após fortes combates no nordeste do país.

Kinshasa confiscou vários equipamentos militares aos rebeldes e recolheu testemunhos da população local que, na sua opinião, provam que o M23 tem o apoio do exército ruandês, acusação negada pelo Governo de Kigali.

O governo congolês também censura o Ruanda por tentar bloquear os esforços de paz no quadro do processo de Nairobi, onde as conversações com grupos rebeldes que operam no leste do país começaram em abril passado.

Kinshasha declarou o M23 um "movimento terrorista" e este foi excluído das conversações.

Ambos os países solicitaram esta semana a intervenção do Mecanismo Reforçado de Verificação Conjunta (EJVM), estabelecido pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) para investigar incidentes de segurança nos seus 12 Estados-membros, que incluem o Ruanda e a RDCongo.

Pelo menos 75.000 pessoas foram deslocadas das suas casas na última semana pelos combates, confirmaram fontes da ONU à Efe.

O M23 foi criado em abril de 2012, quando soldados das FARDC se revoltaram com a perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes de guerra, e devido a alegadas violações do acordo de paz de 23 de março de 2009, que dá nome ao movimento.

O grupo exigiu uma renegociação do acordo assinado pela guerrilha congolesa Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP) para a sua integração no exército, a fim de melhorar as suas condições.

O CNDP, constituído principalmente por Tutsis - um grupo étnico que sofreu muito com o genocídio ruandês às mãos dos Hutus em 1994 -, foi formado em 2006 para, entre outros objetivos, combater os Hutus das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), um grupo que se refugiou nas selvas congolesas após o genocídio ruandês.

Em 2012, o M23 ocupou Goma, a capital da província do Kivu do Norte, durante duas semanas, mas a pressão internacional obrigou-o a retirar-se e a iniciar negociações de paz com o Governo congolês.

Durante mais de duas décadas, o leste da RDCongo tem estado mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques do exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (MONUSCO), que conta com mais de 14.000 soldados.

Leia Também: Ataque de rebeledes ugandeses provocam 21 mortos na RDCongo

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