Maduro falava em Havana, na cimeira de líderes da Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América (ALBA), dedicando palavras duras aos Estados Unidos pelo seu "errático" convite para a Cimeira das Américas, que se realizará entre 06 e 10 de junho em Los Angeles.
"Dizemos convocatória errática, porque se pretendeu, e se pretende, excluir dessa reunião que se autodenomina Cimeira das Américas os povos da Nicarágua, de Cuba e da Venezuela. Reunimos durante esta semana o enorme poder que tem a consciência latino-americana e caribenha", sublinhou Maduro.
Deteve-se para agradecer de forma especial ao chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, "por tomar a dianteira" na "defesa da verdade, da união, da fraternidade, do debate democrático e contra a exclusão".
México, Bolívia, Honduras e Guatemala fizeram depender a sua participação na Cimeira das Américas da não-exclusão de qualquer país, e outros países latino-americanos criticaram o facto de Cuba, Venezuela e Nicarágua não terem sido convidadas. Também a Argentina protestou perante a probabilidade de não estarem presentes todos os países da região.
Kevin O'Reilly, coordenador da cimeira, afirmou na quinta-feira que os Estados Unidos não convidarão os representantes da Venezuela ou da Nicarágua para a cimeira das Américas.
"De forma alguma. Não reconhecemos a legitimidade desse Governo", explicou Kevin O'Reilly, coordenador da cimeira, inquirido sobre a participação do Governo de Nicolás Maduro, numa audição no Senado.
O'Reilly também respondeu negativamente a uma possível participação do Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, mas foi menos claro quanto ao envio de um convite ao Governo cubano.
Washington não reconhece a reeleição do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em 2019, nem a do Presidente Daniel Ortega para um quarto mandato, em novembro de 2021, na Nicarágua.
O Governo do Presidente democrata Joe Biden tinha indicado que Cuba, a Nicarágua e a Venezuela não estariam presentes na cimeira das Américas, porque "não respeitam" os princípios consagrados na Carta Democrática Interamericana, em vigor desde 2001.
O Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, gerou uma polémica regional ao condicionar a sua participação na cimeira a que a Casa Branca convide todos os países da região, incluindo Venezuela, Nicarágua e Cuba.
A sua posição foi secundada pela Bolívia, a Guatemala e vários países da Comunidade das Caraíbas (Caricom) que declararam, por sua vez, que não irão à cimeira se todos os países da região não forem convidados, ao passo que países como a Argentina, as Honduras e o Chile replicaram as críticas mas assistirão à reunião.
"Estamos a dialogar com o Governo mexicano e todos os Governos da região sobre a estrutura e a organização" do evento, precisou Kevin O'Reilly.
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