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"Carnificina". HRW condena operação policial em favela no Rio de Janeiro

A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) descreveu como "carnificina" a operação policial levada a cabo na terça-feira numa favela na cidade brasileira do Rio de Janeiro, no qual morreram mais de duas dezenas de pessoas.

"Carnificina". HRW condena operação policial em favela no Rio de Janeiro
Notícias ao Minuto

22:30 - 26/05/22 por Lusa

Mundo Brasil

No início da manhã de hoje a Polícia Civil do Rio de Janeiro tinha indicado a existência de 26 mortos, o mesmo número apontado pela HRW, mas mais tarde corrigiu esse valor para 23.

Cinco pessoas permanecem internadas.

A operação, denunciou a HRW, "forçou os moradores a se esconderem de rajadas de tiros. Escolas, postos de saúde e o comércio não abriram naquela manhã, e pessoas não puderam ir ao trabalho. As vítimas foram chegando a um hospital próximo nas 12 horas seguintes".

"No final da carnificina, pelo menos 26 pessoas tinham morrido e cinco, incluindo um policial, estavam feridas", frisou a ONG.

Esta foi a segunda operação mais letal da cidade, ficando apenas atrás apenas da realizada na favela do Jacarezinho, em maio de 2021, onde morreram 28 pessoas.

Nas duas situações, lembrou a organização não-governamental, "a polícia disse que abriu fogo após ser alvo de disparos", sendo que o Ministério Público encerrou a grande maioria dos casos sem apresentar denúncias.

Segundo a polícia, do total de mortes, 15 eram suspeitos de tráfico de droga, sendo que uma mulher morreu decorrente de uma bala perdida, lembro a HWR, denunciando: "Eles não disseram nada sobre as outras nove pessoas que morreram".

Os projetos de lei apresentados pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que já parabenizou os resultados da operação de terça-feira, visam "dificultar ainda mais a responsabilização de policiais por abusos" e envia uma mensagem clara à polícia de que "pode continuar matando impunemente", disse a HWR.

A polícia do Rio de Janeiro argumentou estar a planear a detenção de um de criminosos que estariam escondidos na Vila Cruzeiro, norte do Rio de Janeiro, para desmantelar o Comando Vermelho, uma fação "com uma ideologia de guerra" e que é "responsável por mais de 80% dos confrontos armados" no Estado do Rio de Janeiro.

Numa decisão ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, o Governador do Rio de Janeiro divulgou, no dia 23 de março, um plano para reduzir o número de mortes em operações da polícia, naquele que é um dos estados brasileiros com maior índice de fatalidades durante ações policiais.

Contudo, de acordo com esta ONG, "o plano carece de objetivos concretos e orçamento definido, e não foi discutido com a sociedade civil".

Um dia antes do comunicado divulgado por esta organização de defesa dos direitos humanos, os representantes das Nações Unidas no Brasil mostraram-se "chocados" com o número de mortos causado pela operação policial e consideram "fundamental que as autoridades cumpram a ordem do Supremo Tribunal Federal".

De acordo com um comunicado enviado à CNN Brasil, a porta-voz da ONU no país, frisou que a maioria das vítimas mortais eram negras tal como acontece "em 80% das operações policiais tão mortais quanto, de acordo com estudos sobre o histórico de operações no Rio de Janeiro".

Leia Também: ONU no Brasil 'chocada' com mortes em favela no Rio de Janeiro

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