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Moçambique. Regresso "antecipado" de deslocados vai deixá-los vulneráveis

A organização não-governamental Observatório do Meio Rural defendeu hoje que o "regresso antecipado" das populações deslocadas devido ao conflito armado no Norte de Cabo Delgado pode deixá-las vulneráveis, alertando que prevalece a situação de insegurança.

Moçambique. Regresso "antecipado" de deslocados vai deixá-los vulneráveis
Notícias ao Minuto

19:58 - 26/05/22 por Lusa

Mundo Cabo Delgado

"Apesar da recuperação da iniciativa militar por parte das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e seus aliados, não deixam de persistir situações de insegurança no terreno", lê-se numa publicação da organização não-governamental (ONG) consultada hoje pela Lusa.

A publicação é resultado de uma pesquisa baseada em entrevistas e inquéritos que abrangeram 473 famílias deslocadas nos centros de realojamento localizados em Cabo Delgado e em Nampula, província vizinha.

Para a ONG, apesar dos resultados positivos nas operações que têm estado a ser realizadas pelas forças governamentais, com o apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a situação de insegurança prevalece, além da pobreza.

"Não obstante a estabilização das condições humanitárias e surgimento de algumas iniciativas económicas, grande parte desta população permanece descapitalizada, privada do acesso a terra para produção e dependente de ajuda alimentar", acrescenta-se na publicação.

Por outro lado, segundo o Observatório do Meio Rural, a densificação populacional no Sul da província, para onde a maior parte de deslocados fugiram, aumentou uma alegada competição para o acesso às terras e outros recursos, o que pode gerar conflitos.

"As populações tendem a regressar para áreas mais próximas dos sítios de origem, mas concentrando-se em vilas sede distritais ou em aldeias mais densificadas, residindo em áreas que não são as suas e explorando terrenos agrícolas disponíveis nas proximidades, com ou sem o conhecimento dos respetivos proprietários. Nestas circunstâncias são inevitáveis conflitos de terra", acrescenta a ONG.

"A realidade é que o regresso antecipado das populações poderá torná-las vulneráveis a ataques de insurgentes. O surgimento de lojas e concentração de reservas alimentares, assim como a conivência de setores da população com insurgentes, fornecendo informações, transformarão aldeias isoladas em alvos de pilhagens", refere-se no documento.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

Leia Também: Polícia moçambicana investiga acusações contra agentes por tortura

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