"Se Biden é diferente de Trump, deve mostrá-lo", afirmou o chefe da diplomacia iraniana durante uma entrevista ao jornalista norte-americano Fareed Zakaria, citada pelas agências internacionais.

Hossein Amir-Abdollahian referia-se à falta de progressos nas negociações para salvar o acordo nuclear de 2015, que limitou o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções a Teerão.

Washington abandonou unilateralmente o acordo em 2018, sob a Presidência de Donald Trump, e impôs novas sanções ao Irão, ainda mais duras do que no passado, utilizando o que designou como "política de pressão máxima".

As negociações para salvar o pacto nuclear estão paralisadas desde meados de março, após quase um ano de discussões.

O ministro iraniano considerou que atualmente os Estados Unidos "não se comportam de forma diferente de como se comportavam com Trump".

O chefe da diplomacia de Teerão disse que "o principal obstáculo" para salvar o acordo são as sanções económicas e os cerca de 100 mil milhões de dólares em ativos iranianos congelados por Washington.

"Os Estados Unidos impuseram sanções e bloquearam os nossos ativos. Algo que é nosso, não têm de dar nada do que é seu, apenas o que é nosso", sublinhou o político iraniano.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano sublinhou que não é possível "confiar no lado norte-americano", indicando ainda que não há garantias que Teerão irá beneficiar economicamente do acordo nuclear, uma questão que classificou como crucial.

"Os Estados Unidos têm uma mania de sanções económicas", enfatizou.

Ao mesmo tempo, o ministro iraniano negou que o principal obstáculo para o acordo nuclear sejam as sanções que pesam sobre a Guarda Revolucionária, braço ideológico armado do Governo iraniano.

"Não se trata de uma única questão", disse.

O representante assegurou mais uma vez que o programa nuclear iraniano é "pacífico" e sustentou que durante as negociações o Irão foi "honesto, sério e colocou soluções na mesa".

O ministro iraniano observou que Biden sofre de "indecisão" e tem de "escolher" se continuará com a "pressão máxima de Trump" ou se opta por ser "corajoso".

Nesse sentido, Hossein Amir-Abdollahian considerou que a política externa norte-americana é "refém" dos "sionistas", termo utilizado pelo Irão para identificar Israel.

"Biden sabe muito bem o que tem de fazer (...). O Irão suportou essa pressão por 40 anos e temos outras opções (ao acordo nuclear)", sublinhou.

O ministro iraniano também afirmou que houve "poucos, mas bons" progressos nas negociações para normalizar as relações de Teerão com a Arábia Saudita, não descartando uma reunião ao mais alto nível.

Uma ronda de negociações ocorreu em abril em Bagdade, Iraque, a última desde que as negociações para normalizar as relações entre os dois países começaram em abril de 2021.

A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com Teerão em 2016, após ataques à sua sede diplomática no Irão, na sequência da execução de um importante clérigo xiita pelos sauditas.

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