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Alto-comissário da ONU visita ilha que abriga milhares de rohingyas

O alto-comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR) visitou hoje, pela primeira vez, a ilha de Bhasan Char, para onde o Bangladesh transferiu mais de 26.000 rohingyas fugidos de Myanmar, apesar da contestação de organizações de direitos humanos.

Alto-comissário da ONU visita ilha que abriga milhares de rohingyas
Notícias ao Minuto

14:44 - 24/05/22 por Lusa

Mundo ACNUR

Filippo Grandi desembarcou hoje de manhã na ilha, localizada na baía de Bengala e formada, em 2006, pela acumulação de lodo dos Himalaias.

Apesar de ser altamente instável e não ter água doce, as autoridades do Bangladesh decidiram ali instalar cerca de 100 mil pessoas do quase um milhão de refugiados da minoria rohingya que fugiram para o país depois do eclodir da violência, em 25 de agosto de 2017, na vizinha Birmânia (Myanmar).

Grandi deverá encontrar-se com o diretor do projeto de realocação dos rohingyas na ilha e com membros do Comissariado de Ajuda e Repatriamento de Refugiados do Bangladesh antes de se reunir com representantes daquela minoria, disse um responsável do ACNUR, citado pela agência espanhol da notícias Efe.

A viagem a Bhasan Char faz parte da agenda de Grandi no Bangladesh, onde chegou no sábado para uma visita oficial de cinco dias, que visa precisamente analisar a situação dos rohingyas.

"Vim a Bangladesh porque é um país prioritário do ACNUR e a situação dos rohingyas é uma crise de alta prioridade", explicou o alto-comissário numa mensagem de vídeo divulgada no domingo, na qual pede à comunidade internacional que não se esqueça de situações de emergência que estão fora do foco mediático, como é o caso da crise dos rohingyas.

Esta é a primeira visita do responsável máximo do ACNUR a campos de refugiados do Bangladesh desde o início da pandemia de covid-19, já que a sua última viagem ao país aconteceu em março de 2019.

O Bangladesh abriga cerca de 926.000 refugiados rohingyas que saíram de Myanmar, incluindo cerca de 738.000 que, desde agosto de 2017, fugiram de uma campanha lançada pelo exército birmanês que a ONU descreveu como limpeza étnica e possível genocídio.

Quando os acampamentos criados para estes refugiados começaram a pressionar a cidade de Cox's Bazar, um porto de pesca, turismo e sede distrital do sudeste, as autoridades do Bangladesh decidiram estabelecer a remota ilha de Bhasan Char, que tem atualmente cerca de 40 quilómetros quadrados, como ponto de acolhimento dos rohingyas.

A decisão foi alvo de muitas críticas de organizações de direitos humanos, que consideraram estar a ser criada "uma prisão em alto mar" e uma "futura catástrofe humanitária".

As primeiras transferências aconteceram em dezembro de 2020, embora a ilha esteja frequentemente inundada entre junho e setembro por causa das monções e da sua altitude máxima de 3 metros.

O Bangladesh assinou, em outubro passado, um acordo com a ONU para apoio humanitário da organização aos rohingyas que vivem na ilha, que tem como objetivo proporcionar proteção, educação, formação profissional, meios de subsistência e acesso a cuidados de saúde, com o objetivo de aumentar o seu nível de vida e prepará-los para um futuro regresso a Myanmar.

Leia Também: Myanmar. ACNUR "chocado" com 17 mortos em naufrágio, incluindo Rohingya

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