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Três detidos no Senegal após ataque homofóbico contra estrangeiro

Três homens foram presos e levados a julgamento no Senegal depois de um jovem estrangeiro ter sido violentamente atacado na semana passada por uma multidão que lhe atirou insultos homofóbicos, disse hoje uma fonte policial.

Três detidos no Senegal após ataque homofóbico contra estrangeiro
Notícias ao Minuto

17:28 - 23/05/22 por Lusa

Mundo Senegal

O ataque ocorreu em 17 de maio no chamado distrito HLM de Dacar. Vídeos publicados no Youtube e no TikTok mostram uma multidão enfurecida de várias dezenas de homens a rodear um jovem em plena luz do dia, descalço e usando apenas calças, e a esbofeteá-lo nas costas e na cabeça, proferindo calúnias homofóbicas.

Segundo o 'site' senegalês Seneweb, a vítima é um músico americano que "por causa do seu estilo, da sua roupa" foi "erradamente acusado de ser homossexual por indivíduos mal-intencionados".

O artista tinha-se deslocado a Dacar com um amigo e colegas para a bienal, um evento de arte africana contemporânea que se realizava na capital, acrescentou o Seneweb.

A vítima e acompanhantes foram roubados, ficando sem os seus telemóveis e pertences pessoais, lê-se no 'site'.

Uma fonte policial que pediu o anonimato, tendo em conta a "sensibilidade deste caso", não comentou sobre a natureza do ataque, mas disse que "três indivíduos (tinham) sido presos pela polícia no bairro de baixos rendimentos e encaminhados para o Ministério Público por violência e por colocarem em perigo a vida de outros".

"A vítima está sã e salva e regressou a casa", disse, acrescentando que o país de origem da vítima tinha insistido na "confidencialidade" do caso.

Quando contactada pela agência France-Presse, a embaixada dos Estados Unidos da América no Senegal não comentou.

O ataque surgiu no meio de uma controvérsia que envolve o internacional senegalês e jogador de futebol do Paris Saint-Germain Idrissa Gana Gueye, acusado de se recusar a participar na luta contra a homofobia e de vestir uma camisa arco-íris durante um jogo em França.

Alexandre Marcel, presidente do comité Idaho France, uma associação que ajuda membros perseguidos da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo), particularmente em África, apelou hoje à proteção dos homossexuais no Senegal.

"Quem é LGBTI hoje no Senegal está em perigo porque as pessoas querem fazer justiça pelas suas próprias mãos. As pessoas LGBTI estão em fuga e não passa um dia sem que recebamos um pedido de ajuda ou assistência do Senegal", disse.

Neste país 95% muçulmano, a homossexualidade é amplamente considerada um desvio. A lei senegalesa pune os atos ditos "contra a natureza com um indivíduo do mesmo sexo" com um a cinco anos de prisão.

A homossexualidade é também prontamente denunciada como um instrumento utilizado pelos ocidentais para impor valores que são totalmente estranhos à cultura e tradições senegalesas.

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