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Escolas no Virgínia podem voltar a ter nomes de generais da Confederação

A Confederação, o lado derrotado na Guerra Civil norte-americana, continua a ser uma recordação dolorosa na história dos Estados Unidos. Dela fizeram parte os estados que defenderam a escravatura e o limite aos direitos da comunidade negra.

Escolas no Virgínia podem voltar a ter nomes de generais da Confederação
Notícias ao Minuto

19:53 - 19/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Estados Unidos

A morte de George Floyd, nos Estados Unidos, despertou uma onda de antirracismo no país e por todo o mundo, amplificando os apelos para recontextualizações sobre racismo e escravatura, e reparações históricas. No estado do Virgínia, duas escolas mudaram os seus nomes, que foram escolhidos em homenagem a generais que defenderam a Confederação e a escravatura.

Cerca de dois anos depois de George Floyd morrer, a decisão poderá ser agora revertida.

Segundo a televisão NBC, a direção das escolas do condado de Shenandoah, do qual fazem parte a escola secundária Mountain View e a escola primária Honey Run, debateu na semana passada a possibilidade de regressar aos antigos nomes, que homenageavam os generais Stonewall Jackson e Ashby Lee.

Os dois generais sulistas lutaram do lado da Confederação, o lado derrotado na Guerra Civil norte-americana que opôs os abolicionistas da escravatura, no norte, e os estados esclavagistas do sul. Nos últimos anos, especialmente desde 2020, aumentaram os apelos para que fossem removidas estátuas, nomes e símbolos da Confederação de vários espaços públicos, por serem uma memória da escravatura para as pessoas negras que vivem nos estados.

No entanto, estas mudanças não são bem acolhidas no sul do país, como é o caso do Virgínia.

Citado pela NBC, o vice-diretor da direção das escolas contou na semana passada que mais de 4 mil pessoas assinaram uma petição para voltar aos nomes antigos. Dennis Barlow, que faz parte da nova direção composta apenas por pessoas brancas, argumentou que a decisão de 2020 "não foi democrática nem justa" e foi tomada por "forasteiros" que não ouviram a comunidade.

O vice-diretor também argumentou que Stonewall Jackson, um dos maiores generais do antigo regime esclavagista, foi um "comandante galante". 

Cynthia Walsh também faz parte da direção da escola, mas discorda da possibilidade de restaurar os nomes dos generais. À NBC, Walsh argumenta que "os tempos mudaram, a maquilhagem das nossas escolas mudaram" e acredita que "revisitar a mudança de nome não é o melhor para as crianças".

A direção decidiu na reunião da semana passada que irá fazer uma sondagem para averiguar uma eventual mudança de nome, mas não concordou sobre se iria questionar apenas os residentes das escolas em questão, ou ainda se os estudantes das escolas devem ser incluídos na sondagem.

Walsh alerta para um problema de representatividade no condado, já que, aponta, dos 6.000 alunos do condado de Shenandoah, mais de 75% são brancos e apenas 3% são negros.

A questão da escravatura e do racismo nos Estados Unidos continua a ser um tópico de grande discórdia no país. Depois de o movimento Black Lives Matter ter conseguido que marcas, estados e entidades tomassem novas atitudes contra a discriminação racial e policial, o ano de 2022 tem sido de retrocesso em alguns estados governados por conservadores e pelo Partido Republicano.

Estados como a Flórida, o Virgínia Ocidental, o Texas ou o Oklahoma, entre outros, aboliram nas suas escolas a discussão da Teoria Crítica do Racismo, que é, essencialmente, uma corrente teórica que examina o racismo e o seu impacto na sociedade norte-americana, nomeadamente através da discriminação racial no acesso à educação, ao mercado da habitação e ao apoio jurídico.

Apesar da teoria ser raramente lecionada fora das universidades e do estudo sociológico nos EUA, os legisladores republicanos tem usado a teoria como bode expiatório para censurar livros e conteúdos escolares que critiquem a escravatura e a defesa da mesma durante o século XIX.

Os principais alvos têm sido autores negros, cujos livros, dos mais infantis aos mais avançados, procuram alertar para a discriminação racial. Em algumas escolas, alunos e professores que alertaram para casos de racismo acabaram por ser expulsos e despedidos após pressão por parte de direções de encarregados de educação.

Leia Também: Harvard doa 100 milhões de dólares à reparação dos laços com escravatura

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