"Sem cooperação, haverá vazio, caos e fracasso", disse o líder do maior grupo parlamentar do Líbano, durante o seu primeiro discurso na televisão, transmitido pelo canal Hezbollah Al-Manar, desde as eleições.
As eleições legislativas aconteceram no passado domingo num país atormentado pela pior crise socioeconómica da sua história, julgada por grande parte da população, organizações internacionais e países estrangeiros, devido à corrupção e à inércia da classe dominante, que ser mantém inalterada há décadas.
"Nenhum grupo [parlamentar] pode alegar ter obtido a maioria. E nenhum grupo pode resolver sozinho a crise económica e financeira do país, mesmo que tenha a maioria", acrescentou Hassan Nasrallah, afirmando que o seu partido "mantém uma presença forte no parlamento".
O grupo parlamentar, liderado pelo movimento xiita libanês pró-iraniano Hezbollah, perdeu a maioria no parlamento, segundo os resultados finais das eleições legislativas, realizadas no domingo, anunciados hoje pelo ministro do Interior, Bassam Mawlawi.
O movimento xiita e os seus aliados políticos, que contavam com o apoio de cerca de 70 dos 128 deputados do parlamento cessante, não conseguiram conquistar os 65 lugares necessários para manter a maioria após o escrutínio de domingo.
Por outro lado, pelo menos 13 candidatos da ala reformista, com ligações à contestação popular que abalou o Líbano em 2019, conquistaram um assento parlamentar, de acordo com os mesmos dados finais oficiais.
No domingo, cerca de 3,9 milhões de eleitores foram chamados a renovar os 128 lugares do parlamento libanês.
Desde 2019, o Líbano tem estado mergulhado numa crise socioeconómica classificada pelo Banco Mundial como a pior do mundo desde 1850 e causada por décadas de má gestão e corrupção de uma classe dirigente que se tem mantido praticamente inalterada.
Em quase dois anos, a moeda nacional perdeu mais de 90% do seu valor no mercado negro e a taxa de desemprego quase triplicou. Quase 80% da população vive agora abaixo do limiar da pobreza, de acordo com a ONU.
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