Violência no Haiti. Número de mortos em guerra de gangues sobe para 150
Um conflito entre gangues rivais em Port-au-Prince deixou a capital de rastos e os hospitais de ONGs sobrelotados.
© REUTERS/Ralph Tedy Erol
Mundo Haiti
A violência entre dois gangues rivais que tem assolado a capital haitiana de Port-au-Prince, desde o dia 24 de abril, já matou quase 150 pessoas, e deixou quase 100 feridas entre os tiroteios.
Segundo a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), citada pelo The Guardian, há mais de 96 pessoas a ser tratadas em hospitais com ferimentos de balas. Entre os mortos, contam-se mulheres e raparigas que foram violadas e queimadas na onda de violência.
O jornal britânico acrescenta que, só num bairro da capital do Haiti, foram mortas 47 pessoas, antes de algumas serem queimadas e enterradas numa vala comum.
"The number of trauma admissions received per week has tripled compared to mid-April.”
— MSF International (@MSF) May 13, 2022
Mumuza Muhindo shares how we are providing medical care to people wounded by violence between armed groups in Port-au-Prince.https://t.co/HaZmktjL19
Outra organização não-governamental, a National Human Rights Defense Network, publicou no início da semana um relatório sobre a violência em Port-au-Prince, no qual escreve que "bandidos armados queimaram casas e pessoas" numa onda de terror e provocação.
"Tornam-se em carniceiros, violando mulheres e raparigas, mutilando homens e mulheres. Depois tiram fotos das cenas macabras, para as fazer circular de modo a manter o terror na população", acrescenta o relatório.
A violência é provocada por confrontos entre dois gangues rivais, os 400 Mawozo e os Chen Mechan.
O Haiti continua a viver um período conturbado, que mistura a violência e a agressividade dos gangues à pobreza causada pelos estragos do terramoto de 2021. Esse desastre (o segundo em onze anos a atingir o país) surgiu cerca de um mês depois do presidente do país ter sido assassinado na sua casa, despoletando uma grave crise política.
A MSF aponta ainda que "os confrontos nas ruas têm tido um impacto dramático no acesso aos cuidados de saúde", e no norte da capital, pelo menos "cinco infraestruturas médicas não estão funcionais" e "outros dois hospitais privados suspenderam as suas atividades depois de um dos seus funcionários ter sido sequestrado".
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