Crise política na Letónia devido a controvérsia sobre monumento soviético
O Governo da Letónia entrou em crise política após dois dias de concentrações de cidadãos letões de etnia russa junto a um monumento soviético, e na sequência de uma decisão do parlamento que permite a demolição do memorial.
© Reuters
Mundo Rússia/Ucrânia
Na passada segunda e terça-feira, grupos de cidadãos russófonos depositaram coroas de flores no monumento, que celebra a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, contrariando as recomendações da polícia.
A Aliança Nacional (NA, centro-direita), um dos quatro partidos que integra a coligação governamental dirigida pelo primeiro-ministro Krisjanis Karins, exigiu a demissão da ministra do Interior, Marija Golubeva, e ameaçou abandonar o executivo.
A NA acusa Marija Golubeva, da plataforma liberal Pelo desenvolvimento (APar), de abandono de funções por ter permitido a celebração da vitória soviética, assinalada na segunda-feira, apesar da proibição de promover concentrações junto ao monumento.
A deposição de flores prosseguiu no dia seguinte, terça-feira, quando alguns dos participantes iluminaram símbolos soviéticos e entoaram canções da ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), enquanto outros respondiam aos manifestantes que protestavam contra o evento e em apoio da Ucrânia.
"O que todas as pessoas leais à Letónia se viram forçadas a assistir no seu próprio país em 09 e 10 de maio é inaceitável", declarou Raivis Dzintars, presidente da NA, segundo um comunicado no qual destaca que não são suficientes as "promessas de correção".
O abandono da NA do Governo implicaria a saída dos ministros da Economia, Cultura e Agricultura, e a coligação leal a Karins apenas asseguraria 35 dos 100 deputados no parlamento de Riga.
Em paralelo, todos os deputados da coligação votaram a favor da suspensão de diversas cláusulas de um tratado com a Rússia e que garantia a proteção dos monumentos comemorativos nos dois países.
A suspensão foi aprovada por 68 votos contra 17.
Esta deliberação permite à Letónia demolir o Monumento à Vitória em Riga, e muitos outros por todo o pequeno Estado do Báltico, com 1,9 milhões de habitantes.
Nas redes sociais, os opositores ao monumento, que segundo muitos letões glorifica a ocupação soviética do país báltico em vez de recordar a derrota do nazismo, convocaram uma manifestação para exigir a sua demolição em 20 de maio.
Os acontecimentos de 10 de maio foram aparentemente suscitados por vídeos nas redes sociais que exibiam um 'bulldozer' a recolher e a depositar no lixo as ofertas de flores colocadas no dia anterior.
Apesar de representantes do município se terem referido a uma "prática habitual", as imagens ofenderam centenas de membros da minoria étnica russa ortodoxa, cerca de 25% da população do país, que voltaram a deslocar-se ao local para repor as coroas de flores e manifestarem-se, antes de serem dispersos pela polícia ao início da noite.
Alguns dos participantes afirmaram em declarações à televisão que a guerra na Ucrânia deveria ter começado antes, enquanto outros se referiram aos ucranianos e aos seus apoiantes como "nazis", indicou a agência noticiosa EFE.
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