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Luta conservadora nos EUA contra a 'cultura woke' chegou aos e-books

O último ano tem sido marcado por proibições de livros sobre racismo e a comunidade LGBT em estados controlados pelos Republicanos.

Luta conservadora nos EUA contra a 'cultura woke' chegou aos e-books
Notícias ao Minuto

17:35 - 12/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo EUA

Se a educação 'analógica' nos Estados Unidos já era alvo de ataques por pais e legisladores conservadores, pouco satisfeitos com a oferta de livros sobre conteúdos LGBT e sobre a escravatura e o racismo no país, agora a educação mais digital é também um dos focos da ira dos republicanos.

Segundo a NBC, apesar dos e-books terem crescido bastante durante a pandemia da Covid-19 e o fecho das escolas, muitos pais querem proibir e banir algumas aplicações por disponibilizarem livros infantis sobre orientação e expressão sexual e sobre aquilo que consideram ser uma perspetiva crítica do racismo - questões inseridas na apelidada 'cultura woke' por alguns legisladores mais reacionários.

No Tennessee, o diretor de uma escola desligou o sistema de e-readers durante uma semana, e impedindo 40 mil estudantes de aceder a materiais de estudo online, depois de um pai se queixar que a Epic, uma livraria de e-books, disponibilizou um livro infantil de nível pré-primária sobre orgulho gay.

Num condado rural na periferia de Austin, no Texas, as autoridades locais cortaram o acesso à aplicação Overdrive e apresentaram uma queixa em tribunal contra a livraria digital, quando alguns pais apontaram o dedo a livros sobre prazer sexual. A livraria, acrescenta a NBC, era usada há mais de dez anos pelos estudantes da região.

E na Flórida, onde o governador Ron DeSantis proibiu mais de 50 livros de matemática por alegar que estes continham conteúdos antirracistas, o agrupamento de escolas do condado de Brevard também dispensou a Epic dos computadores escolares, porque o material disponível não fora aprovado pelos bibliotecários.

Em entrevista à NBC, o CEO da livraria digital OverDrive, Steve Potash, admitiu que "os indivíduos que não apoiam materiais com vozes diversificadas - provavelmente sem lerem os materiais - estão a criar um alarme."

Em abril, DeSantis proibiu livros escolares que contivessem referências à Teoria Crítica do Racismo (ou CRT, na sigla em inglês). A CRT é, essencialmente, uma corrente teórica que examina o racismo e o seu impacto na sociedade norte-americana, nomeadamente através da discriminação racial no acesso à educação, ao mercado da habitação e ao apoio jurídico, mas vários especialistas, educadores e investigadores garantiram que a teoria não é lecionada fora das universidades.

No entanto, muitos republicanos têm usado a teoria como bode expiatório para censurar livros e conteúdos escolares que critiquem a escravatura e a defesa da mesma durante o século XIX.

Além disso, vários estados, como a Flórida, Virgínia Ocidental, Texas e o Oklahoma, proibiram o ensino e abordagem de conteúdos e questões sobre orientação sexual e identidade de género, alegando que essas questões devem ser abordadas em família.

Em ano de eleições intercalares, que se realizam em novembro, a direita norte-americana tem apostado em ataques a questões sociais e à abertura da educação a questões e assuntos não-heteronormativos. Já relativamente ao racismo, a morte de George Floyd despoletou uma reação forte por parte dos conservadores, que causaram o despedimento de professores e a proibição de livros antirracistas, alegando que abordar o passado escravizante dos Estados Unidos não ajuda no debate de questões raciais.

Leia Também: Flórida proíbe 54 livros de matemática por alegadas críticas ao racismo

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