Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
20º
MIN 15º MÁX 21º

Conselho da ONU aprova inquérito aos alegados crimes de guerra russos

A resolução foi aprovada por 33 países, tendo, ainda, duas rejeições – da China e da Eritreia –, bem como 12 abstenções.

Conselho da ONU aprova inquérito aos alegados crimes de guerra russos
Notícias ao Minuto

16:58 - 12/05/22 por Daniela Filipe com Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, esta quinta-feira, uma resolução que apelava à abertura de um inquérito aos alegados crimes de guerra cometidos pelas forças russas nas regiões de Kyiv, Chernihiv, Kharkiv e Sumy, entre final de fevereiro e março de 2022.

Segundo revelou a ONU, 33 países votaram a favor da proposta, que obteve ainda duas rejeições – da China e da Eritreia –, bem como 12 abstenções.

O projeto pede ainda que, durante a 50.ª sessão do Conselho da ONU para os Direitos Humanos, – que decorre de 13 de junho a 8 de julho –, seja feito um balanço da situação humanitária e de direitos humanos em Mariupol, quase inteiramente sob controlo das tropas russas.

Explicando a sua posição, a delegação chinesa disse que considera a resolução um "adicionar de lenha à fogueira" a criticou-a por "não apoiar nem o diálogo, nem a negociação".

Mesmo aliados da Rússia, como Cuba e Venezuela, preferiram abster-se do que se opor a uma decisão que aprofunda a pressão política sobre Moscovo, num momento em que cada vez mais crimes contra a população civil são expostos em áreas onde as tropas russas detinham o controlo nas primeiras semanas da guerra.

Horas antes, abrindo uma sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU dedicada à Ucrânia, a alta-comissária Michelle Bachelet denunciou assassínios extrajudiciais em larga escala contra civis e disse que mais de mil corpos já apareceram apenas na região de Kiev.

A comissão da ONU que liderará esta investigação foi criada no início de março pelo mesmo Conselho e os seus três membros realizaram esta semana as primeiras reuniões em Genebra.

A ideia deste grupo de investigação é recolher provas e estabelecer responsabilidades para que os autores, físicos e morais, das execuções, sejam julgados por um tribunal competente.

A mesma resolução hoje aprovada pede à Rússia que permita às organizações humanitárias acesso imediato e irrestrito aos cidadãos que foram transferidos contra a sua vontade da Ucrânia para a Rússia ou para regiões ucranianas que não estão sob o controlo de Kyiv, mas de grupos separatistas.

Durante a reunião, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Emine Dzhaparova, denunciou uma “lista interminável” de crimes de guerra cometidos contra o seu país por parte da Rússia, entre os quais “tortura e desaparecimentos forçados”, e ainda “violência sexual e de género”. A responsável ilustrou as suas palavras com um desenho de um menino de 11 anos, violado à frente da mãe.

Recorde-se que esta foi a primeira reunião dedicada aos direitos humanos na Ucrânia desde que a Assembleia Geral da ONU suspendeu Moscovo, no início de abril, marcada pela antecipação e renuncia da Rússia ao seu estatuto de membro do Conselho de Direitos Humanos.

Contudo, a Rússia poderia ter participado nos trabalhos desta quinta-feira como observadora, direito que abdicou como protesto, por considerar que a resolução não passava de um ajuste de contas. Ainda assim, como país sob acusação, poderá fazer uso do seu direito de resposta.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar na Ucrânia já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

O conflito causou ainda a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da entidade.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

[Notícia atualizada às 17h53]

Leia Também: Kyiv denuncia na ONU "lista interminável" de abusos cometidos pela Rússia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório