Lavrov chegou a Argel na noite de segunda-feira e deverá encontrar-se hoje com o seu homólogo argelino, Ramtane Lamamra, e depois com o Presidente, Abdelmadjid Tebboune, segundo avança a imprensa local.
A visita, a primeira de Lavrov à Argélia desde janeiro de 2019, coincide com o 60º. aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Rússia e a Argélia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, falou, em 18 de abril, ao telefone com Tebboune para discutir, nomeadamente, "a coordenação dentro da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados) e a situação na Ucrânia", de acordo com a agência oficial russa TASS.
A Argélia, um dos principais exportadores de gás do mundo, fornece cerca de 11% do gás consumido na Europa, enquanto a Rússia é responsável pelo fornecimento de 47%.
Vários países que querem reduzir a sua dependência da energia russa, na sequência da invasão da Ucrânia, voltaram-se para a Argélia, apesar de se tratar de um país aliado de Moscovo.
No entanto, Argel tem uma capacidade muito limitada de aumentar suas exportações.
A Comissão Europeia apresentou, na quarta-feira passada, uma proposta aos 27 Estados-membros que prevê a cessação das importações de petróleo bruto russo no prazo de seis meses e de produtos refinados, em particular o gasóleo, até ao final de 2022.
Em causa está um sexto e novo pacote de sanções contra Moscovo devido à invasão da Ucrânia, no final de fevereiro passado, após a Comissão Europeia ter abrangido, no anterior conjunto de medidas restritivas, a proibição da importação de carvão.
A sanção necessita, no entanto, de aprovação unânime dos 27 Estados-membros, mas a Hungria tem estado a bloquear a decisão.
Ainda assim, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referiu na segunda-feira, após uma reunião com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, sobre "segurança energética" , que foram feitos progressos relativamente à questão.
"Fizemos progressos, mas vai ser necessário mais trabalho", disse Von der Leyen, anunciando a próxima realização de uma videoconferência "com outros atores da região" para "reforçar a cooperação regional nas infraestruturas petrolíferas".
Sendo um país dependente dos hidrocarbonetos russos, a Hungria está a pedir aos seus parceiros europeus garantias sobre o seu fornecimento de energia para concordar com um sexto pacote sanções contra Moscovo, incluindo a suspensão das compras de petróleo da Rússia.
"A Hungria não vai dar o seu consentimento à proposta de sanções da Comissão contra a Rússia, porque é um problema para nós e não oferece uma solução", declarou o chefe de diplomacia húngara, Peter Szijjarto, citado hoje pelo porta-voz do Governo, Zoltan Kovacs.
A proposta da Comissão teria o efeito de "uma bomba atómica para a economia da Hungria e destruir o nosso fornecimento energético estável", explicou.
A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da União Europeia face à Rússia, já que este país também é responsável pelo fornecimento à Europa de 25% do petróleo e 45% do carvão.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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