EUA pedem "respostas" à OEA após ocupação das instalações na Nicarágua
Os Estados Unidos pediram hoje à Organização dos Estados Americanos (OEA) "mais respostas" após a ocupação das instalações desta na Nicarágua pelas forças de segurança do país.
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Mundo Nicarágua
"Não podemos encolher os ombros e olhar para o outro lado", declarou o representante interino dos Estados Unidos junto da OEA, Bradley A. Freden, durante a última reunião do Conselho Permanente da organização, na qual foi discutida a ocupação do imóvel, a pedido do secretário-geral, Luis Almagro.
Sem entrar em pormenores, o diplomata norte-americano defendeu que a OEA não deve ter medo de "aplicar as normas" em casos como o da Nicarágua, que continua vinculada às suas obrigações até 2023, depois de ter solicitado a saída da organização em novembro passado.
No domingo, a polícia nicaraguense ocupou a sede da OEA em Manágua, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Denis Moncada, aparecer na televisão nacional a classificar a organização como "instrumento do imperialismo ianque" e a reafirmar a sua decisão de abandoná-la.
A relação entre o Governo de Ortega e a organização internacional sediada em Washington foi-se deteriorando desde os protestos ocorridos na Nicarágua em 2018 que se saldaram em centenas de mortos, presos e desaparecidos.
A OEA, após muitas condenações, iniciou um processo (que não avançou devido a desacordos internos) para suspender o país da organização e recusou reconhecer os resultados das últimas eleições, nas quais Daniel Ortega foi reeleito para um quarto mandato, em novembro passado.
Em resposta, as autoridades nicaraguenses anunciaram no mesmo mês a intenção de abandonar a OEA, embora, de acordo com o regulamento, o país deva esperar dois anos para que a saída se torne efetiva.
A condenação da ocupação das instalações da OEA em Manágua foi unânime entre os Estados-membros da organização.
"É uma afronta a toda a América Latina", disse Luis Almagro.
Para o uruguaio, a decisão do Governo do Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, de se apoderar do edifício, que passará a acolher um "museu da infâmia", abre um precedente perigoso na região.
Na mesma linha, o representante permanente do Uruguai junto da OEA, Washington Abdala, advertiu de que o caminho tomado pelas autoridades nicaraguenses "não tem fim".
O representante do Peru, Harold Forsyth, não se mostrou tão consternado com a ocupação das instalações da OEA como os seus companheiros, mas teve o cuidado de garantir que respeitará o consenso obtido pela organização.
Para Forsyth, o que aconteceu na Nicarágua é "muito parecido com um filme de Almodóvar". O peruano considerou que o assunto nem sequer deveria ser abordado pela organização, exceto pelo facto de serem eles os afetados.
Esta ideia foi uma das mais repetidas nas intervenções: "A Nicarágua quebrou o seu acordo com todos nós", argumentou, consternado, o representante de Antigua y Barbuda, Ronald Michael Sanders.
"O regime ditatorial [de Ortega] agride-nos a todos", disse, por sua vez, a representante venezuelana.
A Venezuela repudiou também a ocupação da delegação da OEA em Manágua, invocando o direito internacional, que protege com imunidade as sedes e os trabalhadores dos organismos multilaterais.
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