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Filha adotiva de Paul Rusesabagina apela à libertação do pai

Carine Kanimba, filha adotiva do líder da oposição ruandesa Paul Rusesabagina, detido em agosto de 2020, apelou hoje a Paul Kagame para libertar o seu pai, considerando que o seu destino está nas mãos do Presidente ruandês.

Filha adotiva de Paul Rusesabagina apela à libertação do pai
Notícias ao Minuto

15:09 - 20/04/22 por Lusa

Mundo Paul Rusesabagina

"Paul Kagame é o homem que tem o meu pai preso, ele é a única pessoa que pode tomar a decisão de o libertar. Que procure no coração o espaço para libertar o nosso pai", afirmou hoje Kanimba numa conferência de imprensa em Bruxelas, reiterando a sua preocupação com a saúde de Rusesabagina, que completará 68 anos em junho e é também cidadão belga.

Paul Rusesabagina, cuja sentença de 25 anos de prisão por "terrorismo" foi confirmada em recurso no passado dia 4 de abril, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na prisão há algumas semanas, de acordo com os seus familiares, para o qual não foi feito nenhum diagnóstico fiável. Rusesabagina sofre ainda de dores graves num braço, o que suscita receios de uma eventual "paragem cardíaca", segundo a sua filha.

"Foi visto no hospital por um cardiologista e um oncologista, que disseram tratar-se de um problema psicológico e não físico", indicou Carine Kanimba, para quem os efeitos secundários observados por vários visitantes - um lábio deformado e metade do rosto paralisado - não suscitam qualquer dúvida sobre o facto de ter sofrido um AVC.

Paul Rusesabagina, forte opositor de Paul Kagame há mais de 20 anos, tornou-se famoso pelo filme "Hotel Ruanda", lançado em 2004. Esta longa-metragem conta como este hutu moderado, que dirigia o Hotel Mille Collines em Kigali, salvou mais de 1.000 pessoas durante o genocídio de 1994, durante o qual 800.000 pessoas foram mortas, de acordo com as Nações Unidas, principalmente da minoria tutsi.

Rusesabagina vivia no exílio nos Estados Unidos e na Bélgica desde 1996, antes de ser preso em Kigali em agosto de 2020, em circunstâncias obscuras, quando um avião em que seguia, destinado ao Burundi, foi desviado para a capital ruandesa. Os seus familiares denunciaram ter-se tratado de "um rapto".

No final de um julgamento em 2021, que a Bélgica não considerou "justo" nem "equitativo", o opositor ruandês foi condenado a 25 anos de prisão por "fundar e pertencer" à Frente Nacional de Libertação (FLN), um grupo armado acusado de levar a cabo ataques mortais no Ruanda em 2018 e 2019.

O advogado belga de Rusesabagina, Vincent Lurquin, descreveu novamente hoje o julgamento como uma "farsa".

"O Ruanda de Paul Kagame é infelizmente conhecido pela perseguição de opositores políticos", disse, por outro lado, o deputado flamengo democrata-cristão Els Van Hoof, que preside a comissão parlamentar belga para as Relações Externas.

Leia Também: Tribunal mantém pena de 25 anos para herói do filme "Hotel Ruanda"

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