Esquema com máscaras em Madrid permitiu comprar Ferraris com lucros

A Procuradoria Anticorrupção de Espanha está a investigar vários contratos fechados pela Câmara Municipal de Madrid.

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Marta Amorim
19/04/2022 15:42 ‧ 19/04/2022 por Marta Amorim

Mundo

Madrid

Na mesma semana em que Espanha se despede das máscaras em espaços interiores, é precisamente por elas que ferve o campo da justiça. 

A Procuradoria Anticorrupção de Espanha está a investigar vários contratos fechados pela Câmara Municipal de Madrid para adquirir material médico defeituoso e máscaras até 40% mais caras em março de 2020, no início da pandemia.  

A maioria dos testes recebidos para detetar os casos de Covid-19 não eram aceitáveis e as luvas eram de qualidade inferior ao esperado, além do preço elevado das máscaras, procedentes da China.

A denúncia do Ministério Público está dirigida contra Luis Medina, filho do duque de Feria e Naty Abascal, e Alberto Javier Luceño, a quem acusa pelos crimes de fraude agravada, falsificação de documentos comerciais e lavagem de dinheiro relativamente a três contratos no valor de cerca de 12 milhões de dólares atribuídos à empresa Leno.

Esta segunda-feira, dia 18 de abril, o Ministério Público pediu ao juiz para impor uma fiança de 891.000 euros a Luis Medina para assegurar o pagamento das suas responsabilidades económicas, depois de descobrir que ele não tinha nas suas contas o montante suficiente que se esperava.

A Câmara Municipal de Madrid, por sua vez, na qualidade de procurador privado, solicitou a apreensão dos bens de Luis Medina "no montante total de 1.140.927 euros, que inclui o valor total dos lucros por ele obtidos em detrimento da Câmara Municipal de Madrid (912.742 euros) e o restante (228.185 euros) como custos".

O esquema explicado

Um dos contratos, no valor de 6,6 milhões de dólares, estava destinado à aquisição de um milhão de máscaras FFP2, enquanto outro, de 4,2 milhões, para a compra de 250.000 testes rápidos, e o terceiro, de 5 milhões, para obter 2,5 milhões de pares de luvas, a um preço quatro vezes superior às que estavam disponíveis em Madrid naquela altura.

A Câmara Municipal já recebeu de volta 4 milhões de dólares desse montante por não corresponderem ao material acordado na compra - conforme confirmado pela autarquia - que defendeu que os contratos foram feitos "de acordo com a oferta e a procura do momento", quando a pandemia estava-se a espalhar e havia uma escassez absoluta de material de proteção, cita a agência EFE.

Ao pedirem estes preços à Câmara Municipal, os acusados ocultaram que uma percentagem elevada - aproximadamente 60% no caso das máscaras, 81% no caso das luvas e quase 71% no caso dos testes - correspondia a comissões que iriam receber, segundo a acusação citada pela mesma agência. 

O Ministério Público detalhou ainda que, com as comissões que teriam obtido, os acusados adquiriram carros, alguns deles Ferraris,  vários relógios Rolex e outros artigos de luxo. A pessoa que inicialmente contactou a Câmara Municipal de Madrid foi Luis Medina, diz a acusação, aproveitando-se "do seu estatuto de personalidade conhecida na vida pública e da sua amizade com um familiar do presidente da Câmara de Madrid".

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