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'Butcher' e Bucha. Como a Rússia fala sobre as acusações de um "massacre"

O opositor russo Navalny revelou a forma como o Kremlin está a abordar as acusações de um "massacre" em Bucha nas televisões estatais. A justificação dos russos compara até as palavras 'butcher' [carniceiro em português] e 'Bucha'.

'Butcher' e Bucha. Como a Rússia fala sobre as acusações de um "massacre"

Alexei Navalny, o maior opositor do regime russo, revelou nas redes sociais a forma como a Rússia está a abordar a situação de Bucha - onde as tropas russas são acusadas de cometer crimes contra civis - nas televisões estatais. 

O político, que se encontra preso desde janeiro de 2021 por acusações que considera “fabricadas”, conta que teve conhecimento dos “eventos monstruosos de Bucha” na manhã de segunda-feira e que a Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre “os massacres dos nazi ucranianos Bucha”. 

Na noite do mesmo dia, surgiu a explicação da Rússia através do Channel One - o mesmo canal onde, no mês passado, uma jornalista invadiu um noticiário para protestar contra a “propaganda do Kremlin”

“A NATO anda a preparar a provocação em Bucha e ao mais alto nível. Confirma-se também pelo facto de o presidente [Joe] Biden ter chamado ‘carniceiro’ a [Vladimir] há pouco tempo, começou por explicar um pivot do canal russo, citado por Navalny. “Ouça como são consonantes a palavra inglesa ‘butcher’ [carniceiro em português] e o nome da cidade ‘Bucha’. Foi assim que o público ocidental se preparou subconscientemente para essa provocação”, acrescentou o jornalista.

Navalny sublinha que “a monstruosidade das mentiras” dos canais estatais é “inimaginável” e aumenta a “capacidade de persuasão” nas pessoas que “não têm acessos a informações alternativas”. “A propaganda de Putin deixou há muito tempo de ser uma ferramenta. Eles são verdadeiros belicistas e tornaram-se um partido por direito próprio”, sublinha.

Na ótica do opositor do Kremlin, “os jornalistas que gritam sem parar” e os “especialistas” das televisões estatais russas “estão a acelerar a sua fúria e há muito tempo que superaram os militares na sua agressividade”. E exemplifica: “Exigem uma guerra até ao fim, atacando Kyiv, bombardeando Lviv. Nem a perspectiva de uma guerra nuclear os assusta. São capazes de limpar os chão com os seus colegas ‘Putinistas’ ao vivo na televisão só de insinuarem que as negociações de paz são algo positivo”.

Navalny descreve a situação na Rússia como um “uroboros nojento”: “A política é uma cobra de propaganda que morde o próprio rabo. Os propagandistas criam o tipo de opinião pública que além de permitir que Putin cometa crimes de guerra, exige que ele os cometa”. Por isso, “os belicistas devem ser tratados como criminosos de guerra”.

Referindo que todos os intervenientes devem ser “sancionados agora e julgados algum dia”, Navalny lembra que o National Media Group - detentor da “maior parte dessa máquina de mentiras” da Rússia - “sem dúvida pertence a Putin” porque é “chefiado” pela sua amante, a ex-ginasta olímpica Alina Kabaeva, e defende que “medidas mais drásticas devem ser tomadas para dificultar o trabalho destes herdeiros de Goebbels”.

“As atrocidades monstruosas em Bucha, Irpin e outras cidades ucranianas foram cometidas não apenas por aqueles que amarraram as mãos de pessoas pacíficas nas costas, não apenas por aqueles que os balearam na cabeça. Mas também por aqueles que ficaram ao lado e sussurraram: ‘Vamos lá, atira, dá-nos um bom material para o nosso programa de televisão”, frisou.

Recorde-se que os primeiros relatos de crimes contra civis na cidade ucraniana de Bucha surgiram durante o fim de semana. Segundo as autoridades ucranianas, civis foram violados, torturados e mortos pelas tropas russas. Os ataques têm sido negados pelo Kremlin, que defende que as imagens divulgadas são “falsas”. 

Assinala-se esta quarta-feira o 42.º dia da invasão russa da Ucrânia. Pelo menos 2.195 civis morreram e 1.480 ficaram feridos, segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU). A guerra já levou à fuga de mais de 11 milhões de pessoas, 4,1 milhões das quais para países vizinhos.

Leia Também: AO MINUTO: Fábrica atacada; Bucha? "Perturbador", mas China pede "factos"

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