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Julgamento de líder de milícia do Darfur é "marco importante"

A organização Human Rights Watch (HRW) classificou hoje o início do julgamento em Haia de um antigo líder de uma milícia do Darfur como "um marco importante para fechar uma lacuna persistente de impunidade no Sudão".

Julgamento de líder de milícia do Darfur é "marco importante"
Notícias ao Minuto

16:06 - 05/04/22 por Lusa

Mundo Darfur

Ali Muhammad Abd-Al-Rahman, também conhecido pelo seu nome de guerra Ali Kosheib, começou hoje a ser julgado no Tribunal Penal Internacional, em Haia, e declarou-se "inocente de todas as acusações".

O réu, ex-líder da milícia Janjawid, força auxiliar do governo sudanês durante o conflito no Darfur, é acusado de 31 crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos em 2003 e 2004 naquela região do Sudão.

"É um marco importante para fechar uma lacuna persistente de impunidade no Sudão, e é uma oportunidade há muito esperada pelas vítimas e comunidades aterrorizadas pela milícia Janjawid e pelas forças governamentais no Darfur verem um líder ser responsabilizado", escreveu a HRW no seu comunicado diário.

Abd-Al-Rahman é a primeira pessoa a ser julgada no TPI pelas atrocidades cometidas no Darfur.

"Outras quatro pessoas, incluindo o ex-presidente sudanês Omar al-Bashir, que enfrentam acusações do TPI, continuam foragidas do tribunal", lamentou a organização de direitos humanos.

A HRW alertou que esta "impunidade massiva" permitiu que "crimes graves no Darfur, cometidos pelo Governo e pelas forças aliadas continuassem ao longo de anos".

Recordando que o julgamento começa quase 15 anos após a emissão de um mandado de captura contra Abd-Al-Rahman, a HRW disse no entanto que o tribunal mostrou que "aqueles que cometem crimes ainda podem enfrentar a justiça, mesmo mais de uma década depois".

A organização lembrou que o acusado terá sido o principal líder da milícia Janjawid, que apoiou o Governo na sua luta contra grupos rebeldes no Darfur e que levou a cabo "uma campanha sistemática de 'limpeza étnica'" na região.

"Após os militares recuperarem o poder no Sudão depois de encenarem um golpe em outubro do ano passado e dissolverem o Governo de transição, o atual clima de repressão e falta de responsabilização continua a ser uma ameaça às vítimas de crimes no Darfur, bem como em todo o país", alertou ainda a organização.

O conflito no Darfur começou quando membros de minorias étnicas pegaram em armas para lutar contra o regime de Cartum, dominado pela maioria árabe.

Cartum respondeu com os Janjawids, uma força saída das tribos nómadas da região.

O conflito terá feito 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados, segundo as Nações Unidas.

O Sudão, que saiu em 2019 de 30 anos de ditadura militar-islâmica, foi palco de um golpe em outubro de 2021 que interrompeu o processo de estabelecimento do poder civil, acentuando a crise económica.

Em Darfur, a falta de segurança criada pelo golpe de Estado liderado pelo general Abddel-Fattah al-Burhan promoveu o ressurgimento da violência, dizem especialistas, com saques a bases da ONU, lutas tribais, ataques armados e violações.

Só na semana que antecedeu o início do julgamento de Abd-Al-Rahman, pelo menos 45 pessoas morreram em novos confrontos tribais nesta região do oeste do Sudão, segundo as autoridades de segurança locais.

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