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"Não sabemos como ajudar". Autarca descreve destruição de Mariupol

Segundo o responsável, a Rússia não está a permitir a passagem de qualquer tipo de ajuda humanitária.

"Não sabemos como ajudar". Autarca descreve destruição de Mariupol
Notícias ao Minuto

21:43 - 01/04/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Ucrânia/Rússia

"A cidade está totalmente destruída. Esta em ruínas. […] Não sabemos como ajudar os nossos cidadãos, que estão a sofrer". Quem o diz é Sergei Orlov, vice-presidente da câmara de Mariupol que, em declarações à CNN, descreveu a situação dramática em que a cidade portuária se encontra, após semanas cercada pelos russos.

Segundo o responsável, a Rússia não está a permitir a passagem de qualquer tipo de ajuda humanitária, não havendo “solução para chegar até Mariupol”. Entre 30 a 50 mil pessoas terão conseguido chegar a Berdyansk e outras localidades perto daquela cidade, o que permitiu “retirar cidadãos de Mariupol desde Berdyansk até Zaporizhzhia”.

“É muito bom. É absolutamente necessário”, acrescentou, adiantando que foi possível retirar mais de dois mil civis, entre os quais 710 crianças, em 45 autocarros.

Ainda assim, para as mais de 100 mil pessoas que permanecem em Mariupol, o grande problema passa pela falta de bens básicos, como comida e medicamentos. De acordo com Orlov, muitas pessoas só conseguem fazer três refeições por semana, às “segundas, terças e sextas-feiras”, que consistem de copos sopa e bolos, acompanhados por água.

Além disso, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) que se dirigia para Mariupol de modo a facilitar a passagem de civis disse esta sexta-feira não ter conseguido alcançar a cidade portuária, adiantando que fará uma nova tentativa amanhã, sábado.

“Não consigo descrever com palavras como é a vida em Mariupol neste momento”, lamentou Orlov, complementando que as pessoas estão a viver “como ratos”, escondidas em abrigos subterrâneos para “não serem mortas por ataques aéreos, por mísseis, por bombardeamentos”.

O representante acusou ainda a Rússia de obrigar as pessoas, incluindo crianças, a sair da cidade, corroborando as afirmações de que o país está a deportar cidadãos ucranianos à força.

“Antes da guerra, antes de 24 de fevereiro, retirámos todas as crianças sem pais para território controlado pela Ucrânia. Em Mariupol não tínhamos crianças sem pais. Então, se encontramos duas mil crianças sem pais, como é que é possível? Ou os seus pais foram mortos pelos russos, ou foram separados”, apontou.

Recorde-se que, segundo a Ucrânia, pelo menos cinco mil pessoas foram mortas em Mariupol desde o início da invasão russa. De uma população de 450 mil pessoas, cerca de 160 mil ainda lá estão encurraladas, de acordo com o presidente da câmara, Vadim Boïtchenko.

Apesar de Kyiv ter anunciado a abertura de nove corredores humanitários esta sexta-feira, que incluíam Mariupol, as autoridades locais continuam a dizer que não é possível entrar nesta cidade sitiada e que é perigoso para os civis tentarem sair por sua conta, insistindo que permanecem isolados.

Mariupol está cercada desde o final de fevereiro, obrigando milhares de pessoas a viver sem eletricidade, água potável ou comida. A cidade portuária é um alvo estratégico para Moscovo, visto que a sua tomada permitirá fazer a ligação entre a Crimeia, anexada em 2014, e as regiões separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste do território ucraniano.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.276 civis, incluindo 115 crianças, e feriu 1.981, entre os quais 160 crianças, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos. Além disso, a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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