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Putin aponta "progresso" nas negociações mas pede rendição de Mariupol

O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu hoje "progresso" nas negociações sobre um cessar-fogo na Ucrânia, numa conversa telefónica com o seu homólogo francês, apelando simultaneamente à rendição das tropas "nacionalistas" ucranianas que defendem a cidade de Mariupol.

Putin aponta "progresso" nas negociações mas pede rendição de Mariupol
Notícias ao Minuto

18:32 - 29/03/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

De acordo com a Presidência francesa, Vladimir Putin garantiu que não está disposto a desistir dos seus objetivos militares na Ucrânia, em particular em Mariupol, recusando-se a levantar o cerco daquela cidade.

"Para encontrar uma solução para a difícil situação humanitária nesta cidade, os combatentes nacionalistas ucranianos devem parar de resistir e depor as armas", disse o chefe de Estado russo, segundo um comunicado do Kremlin sobre o diálogo com o Presidente francês, Emmanuel Macron.

Segundo o Kremlin, Putin informou Macron das "medidas tomadas pelo Exército russo para fornecer ajuda humanitária de emergência e garantir a retirada segura de civis" da Ucrânia.

Além das negociações russo-ucranianas, os dois líderes discutiram a decisão de Moscovo de exigir o pagamento em rublos pelas exportações de gás.

"Ficou acordado continuar os contactos" entre os chefes de Estado, acrescentou o Kremlin.

Emmanuel Macron irá conversar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas próximas horas, para ouvir a sua versão das negociações com a Rússia.

Antes de conversar com Putin, durante uma hora, Macron participou numa videoconferência convocada pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em conjunto com os chefes de Governo do Reino Unido, Boris Johnson, da Alemanha, Olaf Scholz, e Itália, Mario Draghi.

As fontes francesas consideraram "muito prematuros" os possíveis pontos de acordo que foram avançados pelas delegações russa e ucraniana.

Paris afirmou conhecer os parâmetros da negociação, que envolve dar à Ucrânia um perfil de neutralidade, mas apontou que o diálogo está preso no que diz respeito à definição de fronteiras, ao mesmo tempo em que observou que a guerra está ativa e que a Rússia continua a violar as normas internacionais do direito humanitário.

Nesse sentido, Macron exigiu mais uma vez uma trégua da Rússia em Mariupol para permitir a saída voluntária dos 160 mil civis que, segundo as suas contas, permanecem na cidade sem qualquer contacto com o exterior.

Face a este pedido, Putin reiterou a importância estratégica daquela cidade, rejeitando a exigência de Macron.

No final da ronda de negociações que decorreu no palácio de Dolmabahçe em Istambul, o chefe da delegação russa e conselheiro presidencial, Vladimir Medinsky, indicou que as delegações dos dois países tiveram "discussões substanciais", adiantando que as propostas "claras" da Ucrânia para um acordo seriam "estudadas muito em breve e submetidas ao Presidente" russo, Vladimir Putin.

Considerou que uma cimeira entre Putin e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, será possível no caso de um acordo para acabar com as hostilidades. Desde o início da invasão russa a 24 de fevereiro, Moscovo sempre rejeitou essa proposta de Kiev.

"No que respeita a uma reunião dos dois presidentes, dissemos desde o início que esta será possível quando houver um acordo (...). A reunião pode ser multilateral com a participação de "Estados mediadores", disse Medinsky.

O negociador russo propôs que "após a discussão substancial de hoje" seja realizada uma reunião para "rubricar o acordo", acrescentando: "Desde que trabalhemos rapidamente no acordo e encontremos os compromissos necessários, a possibilidade de alcançar a paz chegará".

"Os resultados da reunião de hoje (em Istambul) são suficientes para uma reunião a nível de chefes de Estado", disse David Arakhamia, negociador-chefe da delegação da Ucrânia.

Segundo Arakhamia, desta ronda de negociações, em Istambul, também saiu a conclusão de que a Ucrânia concordará em ser um país neutro, se houver um "acordo internacional" para garantir a sua segurança, do qual vários países, que atuariam como fiadores, seriam signatários.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.179 civis, incluindo 104 crianças, e feriu 1.860, entre os quais 134 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

[Notícia atualizada às 20h06]

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