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No leste da Polónia todos seguem viagem, mesmo "quem não sabe que fazer"

Ao 15.º dia de guerra na Ucrânia, os voluntários que apoiam refugiados em Rzeszów, cidade polaca a cem quilómetros da fronteira, foram informados de que os centros de alojamento das duas maiores cidades da Polónia estão quase lotados.

No leste da Polónia todos seguem viagem, mesmo "quem não sabe que fazer"
Notícias ao Minuto

09:08 - 12/03/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

Por causa disso, desde sexta-feira que tentam encaminhar "quem não sabe o que fazer" para os centros de acolhimento de emergência de outras cidades polacas, evitando Varsóvia e Cracóvia, que "já chegaram quase à capacidade total", explica à Lusa um dos voluntários que recebe refugiados na estação central de comboios de Rzeszów.

Esta cidade com cerca de 200 mil habitantes é a capital da região de Podkarpacie, no sudeste da Polónia, que se tornou na maior porta de entrada de refugiados ucranianos noutro país desde que começou a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Cerca de 4,5 milhões de pessoas já fugiram das suas casas na Ucrânia, das quais 2,5 milhões procuraram refúgio fora do país, sendo que perto de 1,3 milhões foram para a Polónia, segundo dados de sexta-feira da Organização das Nações Unidas (ONU).

A maioria de quem chega à estação Rzeszów em fuga da guerra continuam a ser mulheres, crianças e adolescentes, mas boa parte já tem um destino, normalmente, a cidade ou o país onde vivem familiares e amigos, explica o mesmo voluntário, de 31 anos, que prefere não dar o nome aos jornalistas, e que afirma que "até já uma pessoa" lhe disse que queria ir para Portugal e lhe perguntou qual seria a melhor forma de chegar a Lisboa.

Quem chega à estação de Rzeszów está em trânsito, vindo das localidades na fronteira com a Ucrânia, já com alguma orientação de quem aí os recebeu. Em Rzeszów, esperam um comboio ou um autocarro para seguir viagem.

Os destinos mais habituais são a Alemanha ou outras cidades polacas, como acontece com as irmãs Elena, de 37 anos, e Vika, de 41, e o filho desta, Roma, de 16.

Vão a caminho da "casa de amigos" em Poznan, no noroeste da Polónia, e vieram de Sumy, na fronteira da Ucrânia com a Rússia, a mais de mil quilómetros de Rzeszów e "um dia inteiro" de viagem, dividida entre comboio e autocarro.

O pai de Roma ficou na Ucrânia, por ter de ficar nas forças de combate, e os três vieram agora para a Polónia aproveitando a abertura "de corredores verdes", para a fuga de civis.

Trazem na memória "o pânico" da guerra, mas também a esperança de que terminará em breve e poderão regressar a casa e à escola, no caso de Roma, e aos trabalhos, no caso das duas mulheres.

Já o destino de Karolina, de 22 anos, é Israel, por "ser longe da guerra" e "o primeiro país que viu" quando decidiu comprar um bilhete de avião.

Estudante de Direito de Poltava, perto de Kiev, viajou sozinha até à Polónia e de autocarro seguirá até Cracóvia, de onde parte o voo que comprou para Israel, onde pretende viajar e, se a guerra continuar, "arranjar um trabalho".

Os pais ficaram na Ucrânia e, com "o perigo a aumentar", decidiram enviar as filhas para o estrangeiro. A irmã de Karolina decidiu ir para a Roménia, ao encontro de amigos.

Enquanto esperam para seguir viagem, em transportes que são neste momento gratuitos por decisão das autoridades polacas, os refugiados encontram na estação de Rzeszów um espaço em que são distribuídas refeições, outro em que estão disponíveis medicamentos e produtos de higiene, outros em que há oferta de brinquedos a crianças e comida para os animais domésticos.

Os refugiados são recebidos por equipas de bombeiros e dezenas de voluntários, organizados em turnos permanentes de 24 horas. Entre os voluntários polacos, está a ucraniana Iavana, que desde 2018 trabalha em Rzeszów e está agora na estação central a acolher refugiados "desde o primeiro dia da guerra".

Diz à Lusa que em Rzeszów "o início foi o pior", com "a estação literalmente cheia permanentemente". Agora, "depende, há vagas".

"O que mais me impressionou nestas duas semanas foi a solidariedade com o meu povo, para além das histórias que ouvi. Todos são comoventes, parte-me o coração ouvir como deixaram pessoas e casas para trás", diz à Lusa, acrescentando que "até ao último momento" não acreditou que a Rússia atacasse a Ucrânia e que a guerra ainda lhe parece "irreal".

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