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ONG alerta para dupla vitimização das mulheres e raparigas no Tigray

A Human Rights Watch (HRW) alertou hoje para a dupla vitimização das mulheres e raparigas na região etíope do Tigray, onde são sujeitas a "horríveis atos de violência sexual" e depois deliberadamente impedidas de aceder a cuidados de saúde.

ONG alerta para dupla vitimização das mulheres e raparigas no Tigray
Notícias ao Minuto

13:56 - 08/03/22 por Lusa

Mundo Etiópia

"O Dia Internacional da Mulher, 08 de março, é um momento importante para refletir no drama destas mulheres e crianças e para lhe pôr fim", escreve a organização não-governamental sediada em Nova Iorque, em comunicado.

A ONG lembra que nos últimos 16 meses, desde que o conflito começou, em novembro de 2020, as forças armadas da Etiópia e aliados, incluindo as forças da Eritreia e de Amhara, têm sujeitado as mulheres e raparigas de Tigray a "atos generalizados e horrendos de violência sexual", além de deliberadamente atacarem as instalações dos serviços de saúde.

Também as milícias do Tigray têm violado refugiadas eritreias.

Quando o conflito alastrou à região de Amhara, em julho de 2021, as mulheres e raparigas violadas pelas forças do Tigray tentaram receber cuidados médicos nas áreas controladas pelas forças de Amhara, mas o sistema de saúde pública é descrito como estando em farrapos devido aos combates, às pilhagens e à fuga dos profissionais de saúde, diz a HRW.

A organização lembra que o Governo etíope mantém a região do Tigray cercada, impedindo a entrada de ajuda humanitária, alimentos, suprimentos médicos e combustíveis, enquanto prossegue um encerramento generalizado da banca, telecomunicações e eletricidade.

Nestas circunstâncias, as sobreviventes de violência sexual e aqueles que tentam ajudá-las estão impotentes, sem acesso a cuidados médicos e psicológicos, enquanto são confrontados com falta de alimentos e restrições em outras necessidades essenciais, sublinha a HRW, lembrando que as agências internacionais se veem obrigadas a reduzir ou suspender operações por dificuldades de acesso.

A organização de defesa dos direitos humanos apela ao Governo etíope e às autoridades regionais para que ponham fim ao cerco à população civil do Tigray e que, com ajuda internacional, facilitem o aumento de uma resposta humanitária robusta em todo o norte da Etiópia.

"Todas as partes em conflito na Etiópia devem tomar medidas para pôr fim aos abusos cometidos pelas suas forças, incluindo violações e outras formas de violência sexual contra as mulheres e as raparigas", escreve a HRW no comunicado.

"O acesso humanitário não é uma moeda de troca política, mas uma obrigação legal. Medidas concretas devem ser tomadas contra aqueles que dificultam a ajuda para infligir dano", conclui.

A Etiópia enfrenta desde novembro de 2020, uma guerra que começou na província do Tigray (norte) e se espalhou para as regiões vizinhas de Amhara e Afar, marcada por abusos de ambas as partes em conflito: as forças governamentais, apoiadas pelas forças da Eritreia, e a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).

O conflito provocou vários milhares de mortos, mais de dois milhões de deslocados e mergulhou centenas de milhares de etíopes em condições de desnutrição e fome, segundo a ONU.

Leia Também: Amnistia Internacional denuncia mortes e violações por forças do Tigray

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