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Ucrânia: Governo nega racismo contra africanos na fronteira

O governo ucraniano disse hoje que a discriminação "nunca foi tolerada" na Ucrânia e assegurou que está a ajudar os estrangeiros a fugirem da guerra, em resposta às denúncias, de uma ONG, de discriminação racial de africanos na fronteira.

Ucrânia: Governo nega racismo contra africanos na fronteira
Notícias ao Minuto

07:10 - 05/03/22 por Lusa

Mundo ONG

"Parem de espalhar alegações tendenciosas. A discriminação nunca foi tolerada na Ucrânia, um destino importante para estudantes de todas as raças por décadas", pode ler-se na publicação divulgada na rede social Twitter pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Kyiv respondeu diretamente à organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW), que denunciou sexta-feira que estrangeiros, principalmente africanos, que tentam fugir da Ucrânia perante a invasão militar russa são discriminados pelas autoridades ucranianas ao cruzar a fronteira.

A organização diz que os contactos que manteve com cerca de 30 cidadãos de Marrocos, Índia, Nigéria, Uganda e Tunísia revelam "um padrão de bloqueio ou atraso no embarque de estrangeiros em autocarros e comboios, aparentemente para dar prioridade à saída de mulheres e crianças ucranianas".

O ministério liderado por Dmytro Kuleba realçou ainda, na reação às acusações, que as autoridades estão a fazer o melhor para ajudar os estrangeiros a fugirem em condições de guerra.

E instou ainda a HRW a "fazer o seu trabalho" para responsabilizar o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, por crimes de guerra.

Os depoimentos de estudantes recolhidos pela HRW são coincidentes na denúncia de que as autoridades ucranianas negaram ou impediram o acesso a autocarros e comboios e chegaram mesmo a pedir que saíssem desses veículos para dar lugar aos ucranianos.

O Governo da Nigéria e a União Africana (UA) denunciaram estas situações e as Nações Unidas também denunciaram episódios de "racismo" na retirada de civis de origem africana e asiática da Ucrânia.

Num comunicado assinado pelo Presidente do Senegal e presidente em exercício da UA, Macky Sall, e o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, classificou na segunda-feira como "chocantemente racista" que cidadãos africanos sejam impedidos de fugir do conflito na Ucrânia, apelando a todos os países que respeitem a lei internacional e apoiem quem foge da guerra, independentemente da sua raça.

No caso das Nações Unidas, a denúncia veio da relatora especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, Tendayi Achiume, que manifestou "sérias preocupações" relativamente às ameaças racistas e tratamento xenófobo contra pessoas não brancas que fogem da Ucrânia.

Na sua declaração, divulgada pelas Nações Unidas em Genebra, Tendayi Achiume pede uma "ação rápida" que proteja "os milhões forçados a fugir" da invasão russa da Ucrânia.

Desde o início da invasão, no passado dia 24 de fevereiro, "negros africanos, indianos, paquistaneses, descendentes do Médio Oriente e outros enviaram comunicações urgentes em que documentam o tratamento racista e xenófobo com risco de vida enquanto tentam fugir da violência na Ucrânia", lê-se na declaração.

Tendayi Achiume salienta que estas práticas discriminatórias "com base em perfis raciais, étnicos e nacionais são proibidas pelo Direito Internacional, mesmo no contexto de conflito armado".

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kyiv contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

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